Mística, tradição, garra e superação. Quatro substantivos que representam bem o futebol uruguaio. A “Gloriosa Celeste”, como é conhecida no Uruguai, andou desbotada durante a década de 90 e início dos anos 2000, mas se recuperou e voltou ao cenário internacional com um bom quarto lugar na Copa do Mundo de 2010, a conquista da Copa América de 2011, vitórias sobre Inglaterra e Itália na Copa do Mundo do Brasil e uma boa campanha nas eliminatórias, ficando em segundo lugar e conquistando a classificação direta pela primeira vez desde que se estabeleceu este sistema de disputa.

Apostando em velhos e bons nomes e trazendo a nova geração para os gramados, o técnico Óscar Tabárez confirmou 26 nomes para a disputa da Copa do Mundo na Rússia. Três cortes serão feitos.

GOLEIROS: Fernando Muslera, Martín Silva e Martín Campaña

Esses nomes farão parte da lista de 23 convocados. Muslera e Silva estão na seleção desde a Copa do Mundo de 2010. Muslera será o titular e Silva seu reserva imediato. A convocação de Campaña está ligada ao seu ótimo desempenho no gol do Independiente da Argentina (eleito melhor goleiro da Superliga Argentina) e ao fato de que pela idade torna-se o sucessor natural de Muslera no gol charrua para 2022.

ZAGUEIROS: Diego Godín, José Giménez e Sebastián Coates

Godín é o capitão da equipe e recorrentemente aparece nas listas dos melhores zagueiros do mundo. Bom no jogo aéreo ofensivo e defensivo, além de referente do elenco. Giménez e Coates estão na seleção desde a Copa do Mundo 2014 e se bem não estão no mesmo nível de Godín, são hoje em dia os melhores nomes para a zaga uruguaia. A dupla titular deve ser formada pelos jogadores do Atlético de Madrid, com Coates como reserva imediato.

LATERAIS: Maxi Pereira, Guillermo Varela, Martín Cáceres e Gastón Silva

Talvez seja a posição que ainda deixa mais dúvidas na cabeça de todos no Uruguai. Cáceres é nome certo, e só deixou de ser convocado quando passou mais de um ano sem clube. Já foi chamado pelo treinador de “o Suárez da defesa”. Pode jogar nas quatro posições e faz parte da seleção principal desde 2010. Gastón Silva foi seu substituto na seleção e sempre fez boas apresentações. Canhoto, joga na lateral-esquerda e na zaga e é frequentemente titular no Independiente da Argetina. Ganhou seu espaço durante as Eliminatórias. Maxi Pereira tem sido questionado pelo seu declínio físico e pelos recorrentes cartões vermelhos em jogos importantes, mas tem jogado frequentemente no seu clube (Porto) e tem experiência em Copas do Mundo (2010 e 2014), além de ser o capitão na ausência de Godín. Estará na Rússia, embora possa ser reserva. Varela teve um segundo semestre de 2017 que o creditava a ser não só convocado como titular da lateral-direita. Contudo, após a China Cup em março de 2018 caiu de rendimento no seu clube e chegou a ter a vaga ameaçada, mas apareceu entre os reservados.

VOLANTES: Rodrigo Bentancur, Matías Vecino, Nahitán Nández, Lucas Torreira e Federico Valverde

Bentancur apareceu apenas na última rodada das Eliminatórias e foi titular contra a Bolivia. Jovem, será nome recorrente daqui em diante. É um dos jogadores mais promissores do país e joga assiduamente na Juventus. Vecino é titular na Inter de Milão e ganhou seu espaço de titular nas Eliminatórias, desbancando os históricos Gargano e Arévalo Ríos. Bom marcador, não erra passes e chega na área adversária com facilidade, será titular na Rússia. Nández já era convocado quando jogava no Peñarol, mas se consolidou após sua transferência para o Boca Juniors. Tem reduzido seu ímpeto e toma bem menos cartões do que no seu tempo aurinegro. Joga tanto como volante por dentro quanto aberto pela direita. Torreira é o principal jogador da Sampdoria da Itália, mas só foi convocado para a seleção nos amistosos de março. Valverde apareceu na penúltima rodada dupla das Eliminatórias e foi o grande destaque do Uruguai na vitória contra o Paraguai em Assunção. Contudo, sofreu com lesões e caiu de rendimento no seu clube, o rebaixado Deportivo La Coruña.

MEIAS: Cristian Rodríguez, Giorgian De Arrascaeta, Diego Laxalt, Nicolás Lodeiro, Jonathan Urretaviscaya, Carlos Sanchez e Gastón Ramírez.

Cristian “Cebola” Rodríguez está na seleção uruguaia desde 2007, e só não esteve na Copa do Mundo de 2010 por conta de uma suspensão. Mesmo quando não tinha continuidade em seus clubes era nome certo nas convocatórias de Tabárez. Hoje, é destaque do Peñarol e tem superado suas constantes lesões, sendo um dos jogadores com mais minutos no seu clube. Será titular na Copa do Mundo. Já De Arrascaeta vive uma fase excepcional no Cruzeiro e foi titular na última partida das Eliminatórias, assim como em um dos amistosos disputados em março. Hoje é o único “camisa 10” clássico que tem no futebol uruguaio e estará na lista definitiva.

Dentre os outros meias estarão os três cortes na lista definitiva. Carlos Sanchez, Diego Laxalt, Gastón Ramírez, Jonathan Urretaviscaya e Nicolás Lodeiro. Sanchez tem ao seu favor o fato de ser um dos melhores cobradores de falta e escanteio do Uruguai, além de estar na seleção desde 2015 e ter sido titular em boa parte das Eliminatórias. Laxalt parecia carta fora do baralho, mas nos amistosos disputados em março apareceu como lateral-esquerdo e foi um dos grandes destaques da seleção uruguaia, fechando bem o seu lado e se tornando opção no ataque. O fato de jogar nas duas posições o coloca na frente na disputa pela vaga entre os 23. Urretaviscaya foi um dos destaques do campeonato mexicano, e pode jogar tanto no ataque quanto vindo de trás aberto pela direita. Está entre os 35 pré-convocados e foi o primeiro a se apresentar para treinamentos. Ramírez e Lodeiro disputam vaga muito mais pelo seu histórico na seleção do que pelo seu presente, e são os que tem menos chances na disputa. Carlos Sanchez ou Urretaviscaya são as opções para o terceiro corte.

ATACANTES: Luís Suárez, Edinson Cavani, Maximiliano Gomez e Christian Stuani

Assim como os goleiros, os atacantes estão definidos. Suárez e Cavani são dois dos melhores do mundo na sua posição, os grandes destaques da equipe e titulares certos na Rússia. Já Gómez ganhou sua vaga por conta dos gols marcados com a camisa do Celta de Vigo na Espanha e pelo fato de ter recusado uma milionária transferência ao futebol chinês para ter continuidade e visibilidade no Campeonato Espanhol. Stuani foi o artilheiro e destaque do Girona, marcou gols contra os grandes clubes e tem a experiência de já ter disputado a Copa do Mundo de 2014, além de jogar também no meio-campo aberto pela direita. É o reserva natural de Cavani.

O FIM DE LINHA DOS HISTÓRICOS: Jorge Fucile, Álvaro Pereira, Egidio Arévalo Rios, Walter Gargano e Álvaro González.

Após longa trajetória na seleção uruguaia, os cinco deram adeus à possibilidade de continuar vestindo a camisa celeste. Fucile vem em bom momento no Nacional, mas a juventude e força física de Guillermo Varela o deixaram de fora. Pereira passou sem pena nem glória pelo futebol brasileiro até ir ao Cerro Porteño do Paraguai, onde sofreu com graves contusões e perdeu toda chance de convocação. González e Gargano voltaram ao Uruguai para ter minutos e visibilidade e com isso ter chances de ir à Copa do Mundo, mas fracassaram. Gargano estava em ótima fase até romper os ligamentos do joelho direito e González sequer se firmou como titular no Nacional. Arévalo Rios está sem jogar desde meados de 2017 quando foi afastado da equipe principal do Racing.

O caminho celeste na primeira fase começa em Ecaterimburgo, onde enfrentará o Egito no dia 15 de junho. Cinco dias depois, o Uruguai jogará contra a Arábia Saudita, em Rostov do Don. Fechando a participação na fase de grupos, os sul-americanos viajarão até Samara, para enfrentar a seleção da casa. Ao todo, serão 3230,9 km na fase inicial.

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