É típico do brasileiro: cobrimos de glórias os artilheiros e nos esquecemos daqueles que trabalharam para que o gol saísse. O hat-trick de Bruno Henrique transformou o atacante em único responsável pela goleada dos reservas sobre o São Bernardo. Não é verdade.

O Santos de Dorival tem uma proposta clara: toque de bola. Yuri (444) e Lucas Veríssimo (401) são os dois jogadores com mais passes certos do time, seguidos por Zeca e Victor Ferraz. É, o Santos gira o jogo, utilizando toda a zaga, para tentar abrir espaço nas defesas adversárias. As vezes chega a ser monótono.

Se esse Santos fosse o céu à noite, Vladimir Hernandez seria o raio que corta o espaço. É o tiro certeiro de Luke Skywalker na estrela da morte. A força que atua para destruir a inércia. É aquilo que não se espera. Craque? Não! Longe disso. Entenda: muito longe. Mas representa a quebra de ritmo, uma opção ao, por vezes enfadonho, toque de bola. E como isso é importante!

O baixinho colombiano tem o drible, é agudo como dizem no futebol, mas ao mesmo tempo não é daqueles que prendem demais a bola ao passar o pé por cima dela inúmeras vezes sem sair do lugar. Hernandez busca a tabela (como fez no 4º gol), ergue a cabeça mesmo quando em velocidade à linha fundo, seja cruzando na área (como na assistência para o 3º gol) ou dando passe para trás (como na jogada do 1º gol).

Ele procura sempre dar um destino rápido à bola quando essa chega aos seus pés, seja o drible, a finalização (chegando a acertar um voleio giratório com a parte externa do pé) ou o passe, já passando para dar opção. Além disso, o atacante tem a ‘vontade’ típica dos jogadores sul-americanos – como tem também Copete – o que colabora para cumprir a tal “função tática”.

Bruno Henrique é mais jogador? Sim. Vai ser mais importante a longo prazo? Provavelmente. Mas no momento, ao que parece, o Santos necessita mais de Vladimir Hernandez e sua quebra de ritmo.

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