Por João Rafael Venâncio

Quando eu era menor e comecei a acompanhar futebol, sempre via a palavra “seleção” e pensava em algo imponente. De fato, havia um punhado de seleções que mais pareciam fortalezas do futebol, tais como: Brasil, Argentina, Alemanha, Portugal, Itália, Inglaterra e Espanha. Foram esquadrões da bola que marcaram o meu primeiro contato com o esporte.

Entretanto, vimos o poderio econômico dos clubes aumentando gradativamente. Contratos de TV, patrocínios milionários, premiações astronômicas… tudo isso colaborou para que as entidades crescessem e ofuscassem muitas seleções nacionais de nível gabaritado (sim, Itália e Portugal. Estou olhando para vocês!). As potências mundiais são, basicamente, seleções do mundo. Os melhores jogadores, por posição, defendendo sua equipe. O Barcelona liderado por um trio sul-americano, um Bayern liderado por espanhóis, o Real Madrid com jogadores caros de partes distintas do mundo, além de um PSG e um Manchester com mais jogadores que são “sensações” no futebol, são exemplos.

A França definiu sua convocação para a Euro 2016 e chamou a atenção dos nomes que Didier Deschamps terá à sua disposição para a disputa do torneio continental.

Os franceses já davam um sinal de prosperidade na Copa do Mundo. Sem Ribéry, muitos deixaram a equipe na condição de underdog no torneio. Em um grupo com Equador, Honduras e Suíça os franceses doutrinaram, apresentaram um futebol vistoso e surgiu a mística dos negros maravilhosos, ah, os negros maravilhosos saindo tabelando pelo meio e encantando o mundo do futebol… enfim. Fora eles, Griezmann; Varane e outros nomes emergindo, os franceses só foram parar para a futura campeã Alemanha, nas quartas de final. Esbarraram em um gol de Hummels e em uma das melhores partidas de um goleiro que eu vi em Copas do Mundo.

França fez ótima campanha na Copa de 2014. Parou na campeã Alemanha. Foto: Getty Images

França fez ótima campanha na Copa de 2014. Parou na campeã Alemanha. Foto: Getty Images

Apesar daquela eliminação, les bleus saíram esperançosos com uma nova safra. E o tempo provou que estavam certos. Um jogador que não foi citado no parágrafo anterior, mas que consolidou-se como grande estrela do futebol mundial está cada dia melhor e é um dos jogadores mais habilidosos em atividade: Paul Pogba. Com mais um título italiano no currículo, o principal nome da linha da Juventus é o grande nome. Expectativa também para o já citado Antonie Griezmann. Um dos líderes da temporada sensacional do Atletico de Madrid é apontado como um dos melhores nomes da temporada europeia. Um título continental poderia credenciá-lo à disputa para a Bola de Ouro. Sim, não é delírio se vermos Messi e Cristiano Ronaldo disputarem o título com o francês.

Outro nome a ser destacado é o de Martial. O atacante fez uma temporada muito boa pelo Manchester United. Poucos esperavam por uma adaptação tão rápida do atleta. Hoje, ele é peça fundamental para a equipe de Louis van Gaal. Desbancando, inclusive, o holandês Depay, de quem muito se esperava.

A convocação francesa:

Goleiros: Costill (Rennes); Lloris (Tottenham – ING) e (Mandanda (Olympique Marseille);

Laterais: Digne (Roma – ITA); Evra (Juventus – ITA); Jallet (Lyon) e Sagna (Manchester City – ING);

Zagueiros: Koscielny (Arsenal – ING); Mangala (Manchester City – ING); Mathieu (Barcelona – ESP) e Varane (Real Madrid – ESP);

Meio-campistas: Cabayé (Crystal Palace – ING); Lassana Diarra (Olympique Marseille); Kanté (Leicester City – ING); Matuidi (PSG); Pogba (Juventus – ITA) e Sissoko (Newcastle – ING);

Atacantes: Coman (Bayern München – ALE); Gignac (Tigres – MEX); Giroud (Arsenal – ITA); Griezmann (Atlético de Madri – ESP); Martial (Manchester United – ING) e Payet (West Ham – ING).

A lista final é muito boa e os 7 suplentes também não deixam a desejar. Nomes como Bem-Arfa, Schneiderlin e Rabiot estão nela.

 

O que mais chama a atenção é o poderio francês sem dois excelentes jogadores:  Karim Benzema e Mathieu Valbunena. Os jogadores nível elite da França se envolveram em uma polêmica, na qual o atacante do Real Madrid teria feito chantagens ao pequeno e bom de bola ponta do Lyon e pedido uma quantia gorda em euros para que tal vídeo não fosse divulgado. Historicamente, a seleção francesa nunca foi boa de grupo. O tempo em que passou no comando de Raymond Domenech deixou isto notório. Porém, Deschamps não quer que picuinhas internas rachem o bom time e decidiu pela exclusão dos dois.

Antes parceiros, hoje inimigos mortais. Benzeman e Valbuena deixam seleção francesa por picuinha inusitada. Foto: AFP

Antes parceiros, hoje inimigos. Benzeman e Valbuena deixam seleção francesa por picuinha inusitada. Foto: AFP

A França apresenta uma mistura de novos talentos e jogadores, alguns que já passaram dos seus áureos tempos, em boa fase. Lassana Diarra é o símbolo disso. O jogador foi o destaque de mais uma temporada decepcionante da equipe marselhesa. O atleta, que passou por clubes como Chelsea e Real Madrid não se encontrou na carreira. O volante chegou a usar a camisa 10 do Real Madrid, mas nunca despontou como o esperado. No OM, desde a era Bielsa, desempenha bem o seu papel no meio-campo de lá.

Payet é outro bom jogador que está jogando o que se esperava há algum tempo. No Marseille, comeu a bola. Era sabido que sairia. O destino surpreendeu a muitos, inclusive a este que vos fala: o West Ham. Em um boom do mercado inglês, com o aumento da cota televisiva, o investimento das equipes aumentou e criaram os tigres asiáticos dentro do futebol inglês. Muita expectativa foi criada entorno dele e do West Ham. Ambos surpreenderam e estão brilhando na Premier League.

O bom momento fez com que Kanté também se sobressaísse. O volante do campeão inglês, o Leicester, brilhou na temporada e teve seu desempenho comparado –não sabemos se em tom de brincadeira ou não #descubra- com Sergio Busquets e até Makélelé. O meio-campista teve seu trabalho reconhecido e possui condições de representar a seleção que venceu a Euro pela última vez em 2000.

Além de nomes já consolidados dentro do mundo do futebol como Lloris, Koscielny, Gignac, Giroud e Evra. Numa época em que falamos sobre boas safras, é muito bom nos atentarmos à safra francesa de jogadores, não só para 2016, na Eurocopa jogada em casa, mas também para 2018, na Copa do Mundo, que será disputada na Rússia.

A França possui nomes, talentos, joias e também tem um bom futebol. Didier Deschamps tem em mãos a melhor seleção do mundo. Cabe a ele, agora, fazer com que estes homens tornem-se uma máquina de futebol e brilhem para o mundo.

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