Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!”

Dessa forma, Fernando Pessoa exaltava os feitos de navegadores portugueses. Seu pioneirismo, levou o país ibérico às Índias e o tornou uma potência econômica da Idade Moderna. Dentre os heróis, Vasco da Gama, primeiro navegador europeu a chegar no Oriente por meio da rota atlântica. Quatro séculos depois, um grupo de remadores cariocas prestou homenagem ao bravo marinheiro e fundou um clube que carregava seu nome. Nascia o Clube de Regatas Vasco da Gama.

Hoje, no entanto, a caravela está afundando. Após uma década de 90 vitoriosa, que incluiu troféus estaduais, nacionais e continentais, o navio cruzmaltino não consegue sair do porto. Continua ancorado em mandonismos, descasos e escândalos. E a âncora, que tem nome e sobrenome, teima em continuar segurando o barco em areias cada vez mais movediças.

Os marinheiros são de qualidade cada vez mais duvidosa. O clube, afundado em dívidas, não consegue contratar jogadores à altura da história do clube. E na mesma velocidade que a água entra, as pratas da casa abandonam o barco e vão tentar sobreviver em outras capitanias. E não estamos aqui falando de jogadores de primeiríssimo nível como foi Philippe Coutinho. O clube não foi capaz de segurar um atleta mediano como Mateus Vital, que deixou o clube para disputar posição no Corinthians.

Dentro dos verdes mares, fiascos repetidos. Após um promissor campeonato carioca, um gol nos acréscimos reergueu a vela da piada pronta sobre os inúmeros vice-campeonatos. Após uma goleada em casa na fase prévia da Libertadores que empolgou a torcida, a vaga na fase de grupos quase foi perdida com quatro gols sofridos jogando contra o fraquíssimo esquadrão boliviano do Jorge Wilstermann. O salvavidas uruguio Martín Silva, porém, não foi capaz de impedir mais duas sonoras goleadas contra: uma fora de casa contra o Racing e outra em pleno São Januário contra o Cruzeiro. Resultado? A eliminação da Libertadores e a pior campanha do clube na história da competição.

O vermelho, cor marcante da cruz de malta, emblema da embarcação que chegou às Índias, hoje está mais ligado ao sangue de um clube que morre lentamente. O mar continua salgado, as lágrimas ainda correm, mas agora por um barco à deriva que não é capaz de atravessar sequer um riacho.

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