O futebol vive no sangue da população uruguaia. Caminhar pelas ruas da capital Montevidéu deixa isso claro, pois a cada esquina é possível se deparar com alguém trajando camisetas de Peñarol ou Nacional, os dois maiores clubes do país. Isso sem contar os que vestem diariamente o manto da seleção nacional, a chamada Celeste.

Nas barraquinhas de artesanatos, encontradas principalmente na avenida 18 de Julio – a principal da cidade -, diversos artigos em alusão aos clubes e à Celeste também são encontrados. Ou seja, se você é turista e está na capital uruguaia, é bem provável que irá querer levar para casa um desses souvenirs.

Essa paixão pelo futebol não é um mero acaso. O Uruguai foi o país responsável por sediar a primeira Copa do Mundo, em 1930. Na oportunidade, o time da casa foi campeão ao derrotar a Argentina, por 4 a 2, na decisão (os gols celestes foram de Dorado, Cea, Iriarte e Castro). Desde então, o Uruguai, que era, à época, o país do futebol por já ter vencido as Olimpíadas de 1924, em Paris, e 1928, em Amsterdã (os mundiais daquele tempo), passou a respirar ainda mais o esporte, mantendo essa paixão e a deixando ainda mais forte atualmente, com o bom desempenho nas últimas Copas.  

Para o Mundial de 1930, o Uruguai preparou um palco especial para a abertura e a final: o histórico Estádio Centenário, que foi batizado com esse nome devido ao 100º Aniversário da Primeira Constituição do Uruguai. A cancha (campo) demorou dois anos para ser construída e a inauguração foi exatamente no primeiro jogo da Celeste na competição, quando o Uruguai venceu o Peru por 1 a 0 no dia 18 de julho daquele ano (curiosamente o mesmo nome da principal avenida da capital uruguaia).

O Centenário é conhecido como o Monumento do Futebol Mundial e isso o faz um dos cartões postais de Montevidéu. O turista, seja ele amante ou não de futebol, tem ali um dos principais pontos da cidade para ser visitado. Com sua estrutura histórica mantida, o estádio, com o passar dos anos, passou por pequenas modificações e ganhou acentos na maior parte da arquibancada, que atualmente comporta 65.235 espectadores.

100 ANOS DEPOIS

O Estádio Centenário completará seu centenário em 2030 e o governo uruguaio planeja que a Copa do Mundo daquele ano seja sediada novamente no país. Desta vez, não será uma sede única, sendo que a proposta é que o Mundial ocorra também na Argentina (adversário da final de 1930), no Paraguai e no Chile.

Quando a intenção uruguaia foi tornada pública, a FIFA se mostrou empolgada com a possibilidade. Entretanto, a confusão que tirou a final da Libertadores do ano passado, entre os argentinos River Plate e Boca Juniors, da Argentina, fez com que a maior entidade do futebol abrisse outras possibilidades para o Mundial de 2030. Com isso, a Espanha corre por fora e ganhou forças para ganhar a disputa.

Mesmo assim, o sonho, principalmente dos uruguaios, permanece vivo para que o Centenário volte a ser palco de uma Copa do Mundo. Uruguay Nomá (Uruguai e nada mais) dizem eles, em voz alta, e com pulmões cheios de esperança que o futebol volte para sua antiga casa.

Da camisa de Pelé à chuteira de Loco Abreu: o Museo del Fútbol

Dentro do próprio estádio Centenário, além de sua própria história, existe também o Museo del Fútbol (Museu do Futebol), que apresenta ao público fatos históricos do futebol. No local, é possível ver de perto taças conquistadas pela Seleção Celeste e também artigos que pertenceram a atletas que marcaram o esporte mundial, como é o caso, por exemplo, das camisas originais utilizadas por Vavá e Pelé na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, na primeira conquista da equipe canarinho.

Para realizar esse tour pela história do futebol é bem simples e barato: apenas 150 pesos uruguaios, o que corresponde a menos de R$ 20. Há a possibilidade, ainda, de subir até o topo do estádio e ter uma visão panorâmica do local e de toda Montevidéu. Para isso, basta desembolsar mais 60 pesos (menos de R$ 8).

Além de artigos antigos, do século passado, o museu também disponibiliza ao público peças raras e que fazem parte da história recente do futebol uruguaio. Como é o caso da bola utilizada na partida entre Uruguai e Gana da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. A Jabulani em questão, como é chamada a pelota daquele mundial, foi a do jogo que classificou, de maneira heroica, a Celeste para a semifinal da Copa da África.

Qual amante de futebol não se lembra do pênalti cometido por Luis Suárez, nos instantes finais da prorrogação? Penalidade essa perdida pelo ganês Asamoah Gyan e que levou a decisão para as penalidades máximas. Por falar nessa disputa de tiros livres, a chuteira de Loco Abreu, o último cobrador da disputa, com direito a cavadinha, também está entre os artigos do museu.

No Mundial de 2010, Diego Forlán foi eleito o melhor jogador da competição. Ele foi o primeiro (e por enquanto o único) a conquistar tal premiação. A camiseta utilizada por Forlán no torneio está entre as peças expostas no museu.

MARACANAÇO

Além de diversos outros artigos e espaços históricos, o Museo del Fútbol reserva ainda ambiente especial para uma das maiores glórias do futebol uruguaio e maior decepção do brasileiro (junto com o 7 a 1) em Copas do Mundo.

O espaço em questão é o Maracanaço, o corrido em 16 de julho de 1950. Na oportunidade, final da Copa do Mundo de 1958, realizada no Brasil, o time brasileiro vencia o uruguaio e ia conquistando seu primeiro título Mundial. O Uruguai, entretanto, em pleno Maracanã lotado, virou o jogo e ficou com a taça Jules Rimet (nome do troféu da Copa do Mundo até 1970).

Ainda em relação ao Maracanaço, além do ambiente especial, o Museu do Futebol conta com uma estátua em tamanho real, logo em seu saguão de entrada, de Alcides Edgardo Ghiggia Pereyra, ou apenas Ghiggia, como é chamado. Foi dele o gol da virada e que deu a vitória, por 2 a 1, e o título para a seleção uruguaia diante do Brasil.

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