É oficial: a França é freguesa do Brasil nesta Olimpíada. Em menos de 24 horas e em três esportes diferentes, atletas brasileiros deixaram pra trás os franceses. Primeiro, na noite da segunda-feira, o vôlei masculino, em partida que valia uma vaga nas quartas de final da modalidade. Quem perdesse, estaria eliminado. E os comandados de Bernardinho não deram chance para Ngapeth e companhia fazerem a festa no Maracanãzinho, aplicando um retumbante 3 x 1 (parciais de 25-22, 22-26, 25-20 e 25-23) e tirando uma forte equipe do caminho olímpico.

Ainda enquanto o jogo rolava, uma outra vitória brasileira ia ganhando forma. Thiago Braz, do salto com vara, sempre foi conhecido como um atleta “8 ou 80”: ou fazia competição espetacular ou era eliminado logo de cara. Após passar com cara de alívio de 5,65 m, seu primeiro salto na altura de “apenas” 5,75 m foi falho, deixando a impressão de que não seria um dia favorável. Indicador errado. Thiago saltou bem na segunda tentativa e só foi aumentando, aumentando, chegando a ficar entre quatro atletas na altura dos 5,85 m. Thiago passou, deixando pra trás canadense, tcheco e americano. Apenas observando a da disputa estava o francês Renaud Lavillenie, que iniciou seus saltos já na altura de 5,75m e demonstrava uma serenidade de quem já foi campeão olímpico e mundial. Os 5,85m não foram ultrapassados pelos outros adversários, deixando Thiago com uma inédita medalha de prata, ao menos. Parecia bom, mas não o suficiente para o mariliense de apenas 22 anos, que viu seu rival francês saltar os 5,93m com facilidade. Thiago errou a sua tentativa na mesma altura, enquanto Lavillenie veio na sequência passando de primeira dos 5,98m, quebrando recorde olímpico e deixando próxima a medalha de ouro. O brasileiro, então, arriscou e foi direto para a altura de 6,03m. O francês largou na frente e errou seu salto, mostrando que ele não era infalível como pensávamos. Thiago também falhou em sua primeira tentativa. Lavillenie, então, começou a ser vaiado enquanto ia para o salto, em um público brasileiro que não fez questão de esconder sua torcida. Visivelmente irritado, o francês errou sua segunda tentativa. E aí, Thiago Braz foi brilhante. Passou limpo pelos 6,03m, fez sua melhor marca na carreira e estabeleceu novo recorde olímpico. No último salto do então campeão olímpico, as vaias aumentaram e nitidamente abalaram o atleta. Resultado: salto ruim, sarrafo no chão e medalha de ouro para o Brasil, em mais uma vitória contra um francês.

Thiago Braz e uma vitória surpreendente. nem nos melhores sonhos poderíamos imaginar um desempenho tão bom, batendo uma lenda no salto com vara.

Thiago Braz e uma vitória surpreendente. nem nos melhores sonhos poderíamos imaginar um desempenho tão bom, batendo uma lenda no salto com vara.

E chegou a terça-feira…Robson Conceição já sabia que enfrentaria o francês Sofiane Oumiha na final do boxe, categoria 60 kg. Embalado após vencer o marrento campeão mundial Lazaro Alvarez, o brasileiro não deu nem chances para Oumiha na luta pela medalha de ouro. Um 3 a 0 unânime e irretocável fizeram do baiano o primeiro pugilista a conquistar a medalha dourada numa Olímpiada. E mais uma vez frente a um adversário da Terra da Torre Eiffel.

Sabemos que ainda falta muito em termos de apoio e desempenho para fazermos frente aos atletas europeus. A França mesmo, já possui 28 medalhas nessa Olimpíada e atualmente ocupa a oitava colocação no quadro. Mas é gostoso demais ver que nossos conterrâneos estão fazendo bonito enfrentando atletas com muito mais estrutura, sem ter que passar por barreiras sociais e culturais antes de vencer no esporte, como vemos aqui. Au Revoir, França. Que vocês tenham melhor sorte em Tóquio. Porque no Rio, é tudo nosso.

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