Você já deve ter visto esse esporte em alguma quadra de basquete por aí, seja no Parque do Ibirapuera, em algum condomínio ou nas tantas garagens que existem nos Estados Unidos. Meia quadra, apenas uma tabela e ao invés de 5 jogadores em quadra, apenas 3.

Na última semana, o COI decidiu transformar a ‘brincadeirinha’ do 3×3 em modalidade olímpica. Oficializado como esporte apenas em 2007 pela FIBA (Federação Internacional de Basketball) e tendo suas regras oficiais publicadas somente em 2010, o ‘mini’ basquete vem ganhando cada vez mais adeptos no cenário mundial.

Muito mais rápido e dinâmico que o basquete original, o jogo possui características bem diferentes da modalidade “mãe”. Vamos tentar explicar em tópicos para você amigo leitor entender como funciona o Basquete 3×3.

– O jogo é disputado em meia quadra e apenas um dos aros de uma área tradicional.

– Cada time titular tem três atletas e um reserva.

– Ao contrário do basquete normal, não temos bola ao alto. A primeira posse de bola é definida pelo cara e coroa.

– Não há cestas de três pontos.

– Os arremessos de dentro da linha de dois e garrafão valem um ponto.

– Os arremessos da linha de três pontos valem dois.

– Cada lance livre vale um ponto.

– Cada equipe tem 12 segundos de posse de bola, metade do tempo do basquete original.

– Uma partida de 3×3 tem 10 minutos de duração, com o cronômetro parando a cada saída de bola.

– Vence quem chegar primeiro aos 21 pontos ou quem fizer primeiro dois pontos numa possível prorrogação.

Como funciona as regras de falta?

– Após a sexta falta coletiva, a equipe está sujeita a sofrer com os lances livres.

– Na sétima, oitava e nona falta, o outro time ganha dois lances livres.

– Da décima em seguida, a equipe rival terá dois lances livres mais a posse de bola.

– Faltas técnicas darão um lance livre e a posse de bola.

– Antidesportivas darão dois lances livres e posse de bola.

– Faltas técnicas e antidesportivas após a nona falta coletiva, sempre darão dois lances livres e posse de bola ao oponente.

– As faltas ofensivas não resultam em lance livre.

– Os jogadores não são desqualificados pelo número de faltas.

– Um atleta só é expulso por atos de violência ou após cometer duas faltas antidesportivas.

– Faltas técnicas não resultam em expulsão.

Aqui no Brasil, o 3X3 também vem crescendo de uma maneira assustadora. Com a ajuda da CBB (Confederação Brasileira de Basquetebol), diversos campeonatos e times estão sendo montados e até um projeto caça-talentos está sendo criado para rodar o Brasil atrás de novas promessas.

A idéia da FIBA é não dar espaço para jogadores consagrados do Basquete na modalidade, a entidade quer somente atletas identificados e específicos do 3X3, o que abre ainda mais espaço para novos e velhos talentos que lutaram tanto para profissionalizar o 3X3.

Caminhão da CBB irá percorrer o Brasil divulgando o Basquete 3X3. (Foto: Divulgação)

Entrevistamos o ala Luca Carvalho, 29, um dos grandes nomes e difusores da modalidade aqui no nosso país. Luca já atuou por diversos times do basquete profissional, como Lins, Jacareí e Metodista, mas hoje os planos do atleta é migrar de vez para o Basquete 3X3. No mês que vêm, Luca representará o Brasil com seus companheiros de time na etapa do Circuito Mundial de 3X3 no Canadá.

Confira a entrevista exclusiva do Linha Esportiva com Luca Carvalho:

Linha – Há quanto tempo você pratica o Basquete 3×3?

L.C: Meu primeiro torneio foi em 2009, um torneio que a CBB montou com os clubes que estavam disputando a segunda divisão do campeonato paulista de basquete de quadra naquele ano, mais para a divulgação do esporte. Pela ANB (Associação Nacional de Basquete 3×3) meu primeiro torneio foi em 2012, mas meu foco era o basquete convencional, então jogava mais por diversão. Desde 2015 estou engajado no basquete 3×3.

Linha – Como está o desenvolvimento da modalidade no Brasil? Temos campeonato? Quantas equipes?

L.C: A Associação Nacional de Basquete 3×3 (ANB3X3) já existe há 10 anos, ela que promove os torneios mais importantes no Brasil. Agora com o anúncio da modalidade no programa de Tokyo 2020 pelo COI, algumas instituições estão começando a incentivar o 3×3 para os jovens, o que não é uma tarefa difícil, já que o esporte já é praticado há muitos anos em quadras urbanas.

O campeonato mais importante é o World Tour, que é disputado em 7 etapas ao redor do mundo, valendo uma vaga para a grande final. Geralmente é necessário disputar torneios classificatórios, organizados principalmente pela ANB3X3. Foi assim que classificamos para etapa em Saskatoon do World Tour esse ano, que será realizada nos dias 15 e 16 de julho. Os torneios organizados pela ANB são divididos por categorias. As categorias jovens (sub 18 masculino e feminino), a categoria +35 masculino, a categoria feminina, e no masculino as categorias Open e Pro. Os times melhores rankeados (de acordo com Planet3x3, site oficial da FIBA 3×3) jogam a categoria PRO.

Linha – Fale um pouco sobre o seu time…

L.C: Nosso time (LENDAS) foi criado em 2009 como time de amigos jogadores para disputar torneios de basquete nas férias e basquete de rua. Em 2012 virou uma equipe de 3×3. Recentemente fechamos uma parceria com o Instituto Assagra Falcons, que está nos ajudando com um projeto para conseguirmos patrocinadores.

Luca, á esquerda, e seus colegas de equipe comemoram o título e a vaga para a disputa do Mundial no Canadá. (Foto: Arquivo Pessoal)

Linha – Como funcionará o comitê da modalidade, a CBB vai auxiliar em algo, já existe alguma ajuda prevista do COB ou da FIBA ?

L.C: Pelo que sei, a CBB vai continuar cuidando da modalidade. Acredito que seja investido bastante já nesse ciclo olímpico, já que o investimento, comparado com o basquete de quadra, é muito mais barato.

Linha – Já existe seleção brasileira de 3X3? O Brasil tem chance de bater de frente com as grandes potências da modalidade em 2020?

L.C: O mundial de seleções já existe, e todos podem acompanhar a próxima edição já na semana que vem. De 17 a 21 de Junho, em Nantes, na França. O canal FIBA3x3 no YouTube transmite todos os torneios internacionais ao vivo. O Brasil foi suspenso de qualquer competição internacional da FIBA, mas acreditamos que essa suspensão acabe esse ano. Temos chances de medalhas em 2020 se o nível dos torneios daqui continuarem subindo como estão.

Linha – Qual atual jogador da NBA se daria melhor no 3X3 em sua opinião? Lebron, Durant, Westbrook, Curry, Irving… Qual característica se encaixa melhor no jogo 3×3? Existem posições pré-estabelecidas como armador e pivô, ou todo mundo faz tudo?

L.C: O jogo é muito rápido. As características principais do 3X3 são a intensidade e a defesa. Os jogadores que tem mais sucesso são os mais potentes, e os fundamentos mais importantes são: arremesso, rebote e passe. Já as posições são as mesmas, mas isso não é uma regra, dependendo da tática usada, o time pode optar por jogar com 3 alas por exemplo. Caras explosivos como o Westbrook, e que conseguem fazer múltiplas posições como o Antetokounmpo, se dariam bem na modalidade.

Luca em ação pelo Brotherhood em um torneio classificatório realizado em São Paulo. (Foto: Arquivo Pessoal)

Linha – Quais são seus planos na modalidade? Sonha em disputar uma Olimpíada? Acha que existe possibilidade para isso?

L.C: Como jogador, quero levar o nome do meu time para o topo e fazer o Brasil ser reconhecido entre os melhores como a Sérvia e a Eslovênia. Mas pretendo ensinar e divulgar a modalidade o máximo que puder.

Disputar uma Olimpíada é um objetivo. Em 2020 vou ter 32 anos, vou usar todo meu conhecimento como preparador físico para manter meu corpo forte e saudável. Tenho uma parceria com a Cinesis Assessoria Esportiva que vai facilitar o meu preparo, mas ainda tem muito caminho para trilhar até lá.

Linha – O Brasil vai precisar disputar algum tipo de eliminatória para conseguir a vaga olímpica, ou nessa primeira Olimpíada os países serão convidados?

L.C: Ainda é cedo para dizer, mas acredito que até lá muitos outros países terão aderido ao 3X3, a FIBA está meio que obrigando os países filiados a incentivarem o esporte, então podemos ter algum torneio eliminatório sim, acredito que o esporte vai crescer mais ainda agora que virou olímpico.

Assista a final do Mundial Masculino de 2016 entre Sérvia e USA e entenda perfeitamente como funciona a dinâmica desse esporte que promete enlouquecer os fãs de basquete:

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