Quem acompanha futebol internacional sabe desde 2012: a Bélgica possui uma geração com ótimos jogadores, jovens e muito promissores. O tempo foi passando e, uma a uma, cada promessa foi vingando. Hazard, De Bruyne, Lukaku, Alderweireld, Carrasco, Benteke…

O time chegou com facilidade na Copa do Mundo de 2014 e como grande esperança. Não apresentou bom futebol e, mesmo tendo chegado às quartas-de-final e caído apenas para a vice-campeã Argentina, ficou longe do protagonismo esperado. Ok, alguns jogadores eram jovens e precisavam amadurecer.

Com a seleção que tinha, era esperado um futebol mais vistoso do time belga em 2014

Com a seleção que tinha, era esperado um futebol mais vistoso do time belga em 2014

Após as más atuações, os jovens belgas assumiram papéis de protagonismo em seus clubes. E isso se refletiu na seleção que se classificou à Euro, encerrando 16 anos de ausência, e ainda atingiu o topo do ranking da FIFA. Dessa forma, a Bélgica chegava como cabeça de chave e como favorita ao título da Eurocopa, na França.

Mas vem a estreia no torneio e uma decepcionante derrota para a decadente seleção da Itália, por 2 a 0. O que acontece com esta Bélgica que tanto empolga, mas sempre decepciona? A resposta é bem simples: Marc Wilmots.

O técnico da seleção belga é ídolo local, após ter sido um grande jogador da seleção, entre 1990 e 2002, participando de quatro Copas do Mundo. Centroavante dos bons, fez gol até no Brasil, mal anulado naquele confronto de oitavas-de-final na Copa da Coreia e do Japão, que terminou em vitória canarinha por 2 a 0. Como treinador, Wilmots comandou apenas 30 jogos em clubes antes de chegar à Seleção Nacional, 22 com o Sint-Truden e 8 com o Schalke 04, tendo seu último trabalho em 2005.  Foi convidado a ser assistente técnico em 2009 e assumiu os red devils – apelido da seleção belga – em 2012. Deu a “sorte” de pegar a seleção bem no momento de crescimento, com a tal geração de ouro surgindo. Mas nunca conseguiu dar um padrão tático nos moldes da equipe que tem.

Wilmots: Como treinador, um ótimo jogador

Wilmots: Como treinador, um ótimo jogador

A Bélgica conseguiu duas tranquilas classificações em Eliminatórias muito mais por mérito de seus jogadores do que pelo seu treinador. Wilmots parece um ótimo motivador e uma inspiração para o elenco, mas peca no aspecto tático. Em 2014, um time que tinha tudo para ser ótimo, jogou acovardado, recuado e limitado a bolas aéreas para o grandalhão e estabanado Fellaini quando se via em má situação na partida. Em 2016, o mesmo problema foi observado na partida de estreia contra os italianos, fortes na bola aérea. Mais uma decepção.

Nesta partida, ficou um tanto quanto escancarada a diferença entre os técnicos. Enquanto Conte fez muito com pouco, sabendo explorar os pontos fortes de seus comandados, mais fracos tecnicamente e bons na parte defensiva, Wilmots não consegue extrair o melhor de seus jogadores, que podem render muito mais. Mostram isso durante 9 meses do ano em seus clubes. O técnico belga ainda erra na escalação, ao insistir com Fellaini sem função, atrapalhando Nainggolan e Witsel, e sem um ponta aberto pela esquerda. O trio de frente com Hazard, De Bruyne e Lukaku sente falta de um quarto elemento para criar jogadas, enquanto Carrasco e Mertens assistiam à derrota no banco. Além de tudo isso, a defesa ainda esta vulnerável desde a saída de Kompany, machucado. Os laterais Laurent Ciman e Jordan Lukaku não acompanham o nível do resto da zaga e Wilmots claramente não sabe o que fazer por ali. Ciman parecia a última opção para a lateral até o último amistoso contra a Noruega. Entrou por 20 minutos, fez um gol de cabeça para virar a partida e, assim, virou titular na estreia da Euro. Incoerência do treinador, que antes havia testado Denayer e Alderweireld na posição. Resultado: posse de bola improdutiva, chuveirinho a todo momento e uma Itália fortíssima no contragolpe.

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Arte por João Gabriel Falcade

 

 

A falta de inspiração dos belgas se deve muito às falhas táticas da equipe, muitas vezes parecendo perdida dentro de campo, como um catado de bons jogadores espalhado dentro das quatro linhas. Precisam de alguém que faça florescer o melhor deles dentro da cancha e cada vez vai ficando mais claro: Marc Wilmots não é este cara.

 

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