Se a ideia era abandonar todos os demais campeonatos para ganhar a Libertadores, o Grêmio deu importante passo ontem ao derrotar o Barcelona de Guayaquil, no Equador, por 3 a 0. Não dá para saber se erguerá o caneco quando enfrentar River Plate ou Lanús na decisão. Mas é certo dizer que a ambição de chegar à finalíssima e deixar de lado outras competições funcionou.
Só um desastre tira a vaga na final do Grêmio e, por isso, é importante refletir sobre a conduta do time gaúcho para chegar a ela. Realmente precisava desistir de outros campeonatos pela incerteza de ser campeão do maior torneio da América do Sul?
Não vejo isso como uma questão de planejamento, até porque não é possível saber se vai dar certo ou não. Vejo como uma questão de fazer a torcida aceitar medidas arriscadas em busca de algo que não dá para garantir se acontecerá ou não e até mesmo entender possíveis derrotas.
Assim como é o caso do título da Libertadores. Chegar à final é algo que o Grêmio já conseguiu.
Mas e o título? É uma certeza?
Claramente que não e, caso ele não venha, será um ano em que outros troféus ficaram pelo caminho e poderiam ter sido conquistados.
Por diversas vezes o Grêmio poupou jogadores no Brasileirão visando chegar à final da Libertadores. Perdeu pontos que poderiam ter colocado o time na ponta da tabela devido à queda de rendimento do Corinthians.
Ficou na semifinal da Copa do Brasil. Está certo que perdeu para o campeão Cruzeiro, mas poderia ter chegado, pelo menos, à final.
Tirando os torcedores do Internacional, acredito que a maioria dos brasileiros até torce para que o Grêmio seja campeão da Libertadores. Mas, caso isso aconteça, fará com que a política de menosprezar campeonatos seja algo a ser visto, por muitos, como um ponto positivo. O que ao meu ver, não é nem um pouco.
Planejamento, de verdade, é conciliar todos os torneios possíveis e tentar ganhar o máximo deles. Não se contentar com sonhos que não sabemos se irão se concretizar.
Boa sorte ao Grêmio, mas que jamais misturemos planejamento com ambição.