Foi emocionante, lindo, espetacular. O vôlei masculino do Brasil conquistou a medalha de Ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, com um inquestionável 3 sets a 0 (parciais de 25/22, 28/26 e 26/24) em cima da Itália. Um título que coroou uma equipe guerreira, que passou por momentos difíceis dentro da competição, com derrotas doídas e lesões em momentos cruciais. E, mais do que tudo, o dia de hoje deixou claro: somos o país do vôlei.

Sim, sabemos que mundialmente o Brasil é conhecido pelo futebol e que a cultura futebolística é predominante em nosso país. Mas a vocação que temos no vôlei aqui, não encontramos em lugar nenhum. Tudo começou nos anos 80, com a geração de William, Renan, Bernard, Montanaro e Xandó. Aquela geração de Prata fez despertar no brasileiro a paixão pelo voleibol, que se consolidou nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992. Marcelo Negrão, Tande , Maurício e o capitão Carlão conquistaram o primeiro Ouro no esporte, dando um aviso ao mundo de que o Brasil era e seria por muito tempo uma potência olímpica no esporte. Aí veio a geração espetacular de Giba, Dante, Nalbert, André Nascimento, Rodrigão, o interminável Serginho e vários outros craques que fizeram o país ganhar tudo que podia no esporte.

A geração do Prata em Los Angeles, 1984, foi a responsável por suscitar a paixão do brasileiro pelo voleibol. A maior parte deles ainda trabalha no esporte.

A geração do Prata em Los Angeles, 1984, foi a responsável por suscitar a paixão do brasileiro pelo voleibol. A maior parte deles ainda trabalha no esporte.

Após o Ouro em Atenas, outras três finais olímpicas em sequência. Não é pra qualquer um, não é coisa simples. Mas além dos títulos e dos craques que já louvamos no esporte, há outros fatores para o nosso país ser, além de referência no voleibol mundial, uma inspiração: nossos ídolos. Vamos pegar capitães e referências dos títulos e das gerações espetaculares do Brasil: Renan, Carlão, Giba, Nalbert, Giovanni, Serginho…Isso só no masculino, tema deste texto! Todos, sem exceção, lutadores em quadra, com uma bela história de vida, de carreira e com muito carisma, sem a marra típica de ídolos no futebol, por exemplo. Os brasileiros viam os ídolos no vôlei e conseguiam se identificar com eles. Acima de todos, está Bernardinho. O paizão que grita, xinga, esperneia, torce como torcemos na TV e conhece de vôlei como ninguém. Sete medalhas Olímpicas, mesclando a carreira de jogador e técnico, só ele conseguiu, amigo(a).

E, para o povo brasileiro, principalmente, o vôlei significa orgulho. Na quadra ou na praia, no masculino ou no feminino. Orgulho de atletas que honram representar um país, que deixam tudo em quadra e saem dela sabendo que deixaram o coração. A representação da luta diária do brasileiro em um esporte. Impossível não se emocionar vendo esses atletas demonstrando isso dentro das quatro linhas. E, falando mais especificamente do título no Rio, uma emoção sem igual, com uma geração tecnicamente bem mais fraca que aquela da última conquista, em 2004, mas com uma garra impressionante e uma vontade de vencer que contagiou o Maracanãzinho.

Lipe, o guerreiro do coração e da garra, mas que soube dosar isso em prol da equipe e acertou a recepção brasileira. Lucarelli, o mostro que jogou lesionado os últimos dois jogos, e que deve ser o maior craque do Brasil nos próximos anos. Bruninho, o gênio, sabendo explorar cada jogador no melhor momento e defendendo como líbero quando necessitava. Mauricio Souza, do saque tático mortal. Lucão, da bola de meio infalível. Éder, exímio meio de rede, que só não jogou muito pelos dois monstros que disputam posição com ele. WALLACE, em caixa alta  e negrito mesmo, simplesmente o melhor jogador da Olimpíada. Serginho, no alto de seus 40 anos, sendo uma lenda do esporte e defendendo como nenhum outro líbero fez na história deste país. William, o mago que quando entrou, fazia o Brasil rodar. Evandro, o homem de confiança nas inversões de 5 e 1. Maurício Borges, sempre pronto para decidir quando vinha do banco, sem sentir a pressão. Até Douglas Souza, que completou 21 anos na véspera da conquista e pouco participou nas Olimpíadas, tem sua parcela de contribuição (ah, e se já é craque agora, imagina esse cara com mais experiência).

A comemoração emocionante dos brasileiros após o ponto final. Orgulho define! Foto: Getty Images

A comemoração emocionante dos brasileiros após o ponto final. Orgulho define! Foto: Getty Images

O choro de todos ao final do jogo, os abraços, a emoção ao ouvir o hino nacional sendo entoado por milhares de vozes no Maracanãzinho, a despedida de Serginho, a redenção de Bruninho. Foi tudo perfeito, como um roteiro de filme soft, aquele que termina com o final mais legal possível pra você sair feliz do cinema, sabe? Só temos a agradecer a todos os jogadores que já passaram por nossa seleção de voleibol na história. Eles nos representaram enquanto brasileiros. Eles mostraram ao mundo o que somos. Eles nos dão orgulho de dizer: EU SOU BRASILEIRO, PORRA! Com muito orgulho e com muito amor, pra manter o clichê. Obrigado, voleibol do Brasil. Este sim, o esporte que nos representa!

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