Os jogos Olímpicos de 2016 são na cidade do Rio de Janeiro, mas a capital financeira do país foi quem recebeu uma tarde em que brasileiros em comunhão com o mundo viveram uma tarde para brincar o futebol, para celebrar o esporte de uma forma que foge de todos os padrões com os quais a cidade e o país se acostumaram ao longo da vida.

13h, São Paulo, 17/08/16. Cheguei ao terminal de Itaquera através do metrô paulistano. No trajeto da Barra Funda até lá, observei algumas poucas famílias com perfil de quem poderia estar a caminho daquela semi final do futebol masculino que se iniciaria poucas horas mais tarde. Desci, me encaminhei solitário. Apenas um pai Palmeirense com seu filho da mesma trupe me acompanharam no caminho indicado até a Arena Corinthians.

Lá, uma estrutura de voluntariado e profissionais de segurança de amontoavam em educação e solicitude para me levar até meu portão de entrada. Com tamanha atenção, rapidamente me instalei no meu assento e notei que além de mim, só mais aquele pai e seu filho estavam ocupando os mais de 40 mil lugares da Arena. No telão, a seleção Brasileira vencia Honduras pela outra perna para a final. Todos que chegávamos, assistiam deleitosos nosso time vencendo.

15h. Alimentado nas boas instalações olímpicas, notei a primeira fase do encantamento desse torneio. Aos montes, chegavam Nigerianos e Alemães, Ingleses, Espanhóis, brancos, negros, crianças, senhores. Um ambiente de pura miscigenação. A língua oficial de Itaquera passou a ser o da cordialidade. Rapidamente, me notei arranhando um inglês, fingindo um espanhol e somando culturas, contatos e experiências. Mal reparei, o estádio estava tomado. Os times, enfileirados. Hora de futebol.

Brasileiro não assiste a uma partida. Ele torce. A Nigéria foi escolhida. Apoio massivo do estádio aos Africanos que lutaram muito, mas foram os bravos alemães presentes no campo e no mundo todo que celebraram a vitória por 2 a 0 e a vaga na final dos Jogos Olímpicos. É isso foi o que menos importou. Itaquera brincou de futebol. Celebrou cada falha dos ótimos bávaros, riu de cada tentativa frustada dos Nigerianos de atingir as redes. Comemorou como gol a entrada do meio campista de 1.50 de altura, dando a ele o carinhoso apelido de Romário. Ao apito final, celebraram a linda tarde provocando os campeões mundiais com um “a sua hora vai chegar”.

Na saída, fui até o Metrô ao lado de Nigerianos. Pouco entendi o que diziam, mas as fotos nos celulares e o sorriso no rosto me diziam por décadas. A mim, sobrou a sensação de magia que os Jogos proporcionam. Duvido que tenha saído de lá uma pessoa que não guarde em bom lugar a memória do que viveu. Que a vida tenha mais olimpíada, ainda que seja só um sentimento.

Reparou que o resultado não importou nesse texto? Então. Eis a lição.

Comentários

comentário