O Golden State Warriors é o algoz do mundo todo. Os que gostam são escrachados. Quem não, a elite intelectual do planeta que tudo sabem e tudo são sobre basquete e que detém o direito inequívoco de abnegar a competência dos homens que vestem azul e amarelo. Uma guerra onde um dos envolvidos, aproveita cada momento de dor e de glória que o ato nobre de torcer lhe proporciona. O outro, parece simplesmente roer sua paz pela dificuldade em dar méritos.

Um desses casos absolutamente burros e infantis em que os homens não conseguem exaltar um lado sem que para isso, esculhambe com o outro. Um mundo tosco em que não se pode haver simultaneidade na felicidade, na conquista, no sucesso. Não é compreensível. Doença de moral, de compreensão humana. Essa trilogia épica que corou heróis diferentes, que deu alegria para todos os envolvidos em momentos ímpares para cada um, não pode ser fruto de discussões tão baixas e mesquinhas.

O jogo

A disputa pelo O’Brien foi reflexo de uma temporada em que um time foi se encontrando após somar a seu elenco já campeão, com um quinteto basicamente advindo de escolhas de Draft, de caras que cresceram seu jogo dentro da franquia, com custos que se elevaram proporcionalmente à melhora, um all star, um jogador que chegava com a missão de tornar um time excelente em imbatível. Kevin Durant era o fato novo.

O atual campeão véio poderosíssimo. Com teto salarial nas alturas, trouxe especialistas que lhe faltavam. Um grande arremessador de longa distância, um bom armador reserva e alguns outros úteis componentes da, até então, deficiente rotação. Love, Irving e James, o Big 3, seguiu incólume. Fez uma fase regular absolutamente assombrosa, com atuações históricas, quebrando recordes e se habilitando a ser bi campeão da NBA.

Brincando, chegaram a mais uma final. A trilogia, como já dissemos aqui, em outra oportunidade. 5 jogos maravilhosos, de forma geral. Tecnicamente, assustadores, pontuações recordes em um primeiro tempo de jogo, médias individuais beirando a insanidade. Uma ode ao que o basquete tem de melhor, vindo de ambos os lados. Não há uma vírgula a pontuar um erro aqui ou outro acolá. Coisas muito pequenas diante do cenário megalomaníaco que envolveu essa série.

KD

Kevin Durant travou uma batalha contra a própria consciência. Deixou seu time de origem após insucessos no intento pela conquista da NBA, deixou seu duo Russell Westbrook e encarou a ira do mundo por ter se mudado para um time poderoso e com condições de tê-lo. A ambição é uma rara competência do homem e quem o tem, nem sempre é compreendido. Durant teve, foi cercado por olhos e palavras raivosas e ignorou, como gênio mental que também é. Conduziu sua trajetória sob tranquilidade e efetividade e ao lado sua mãe, passou pelo caos de mais uma confusão grave, mas superou. E de que forma..

“Fraco, vendido, traidor, é apenas um jogador alto, não é capaz de fazer quarenta pontos em um jogo, não é um líder de verdade, não reage nos momentos difíceis, não será campeão da NBA, jamais será MVP de uma decisão”, eles disseram. Como bem diz a peça publicitária que a Nike veiculou na noite passada: “fale sobre isso”. Fale agora. Kevin Durant é o líder, o MVP das finais e o campeão da NBA.

Steve Kerr

Na acepção da palavra, um líder. Grande história extra quadra dessa narrativa. Enfrentou problemas de saúde, afastou-se do time, viu de longe a linda campanha de 0 vitórias nos playoffs e chegou a tempo de finalizar mais um trabalho vitorioso. Calmo, sereno e honesto, soube conduzir estrelas, esconder estrelismo e incutir hombridade em seus pupilos. Campeão com mérito, mas, acima de tudo, soube honrar o cargo de professor, de comandante.

Me pergunto dia após dia: quais são os motivos pelos quais as pessoas são julgadas negativamente por serem mais competentes em determinada atividade do que a maioria. Porque ser excelente é tão ruim? Chega a ser constrangedora a dor de não ser e desprezar quem o é. Esse dom de iludir a si mesmo sem entender sobre as dores e as delícias de serem o que são: Golden State Warriors, o melhor time de basquete do mundo.

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