Eu confesso que fechei os olhos. Fechei os olhos para todas as besteiras que você já fez. Insisti em mantê-los fechados diante de toda a polêmica na sua venda. Tapei também os ouvidos contra as palavras malfadadas que seu pai proferiu aos quatro ventos. Não abri, não li e me fiz de ignorante para todas as notícias do embate DIS, Santos e Barcelona. Não queria arranhar a sua imagem, que de imaculada não tem nada. Mas você conseguiu: eu te odeio, Neymar. Eu te amo, Neymar. Eu te odeio.
“Não tenho obrigação alguma de dar parabéns. Não sou obrigado a fazer tudo que quiserem”
Não. Você não é obrigado a nada. Isso é uma questão de caráter. Mais ainda: é um questão de respeito. Lamento o fatídico dia 15 de setembro de 2010, quando o Santos (que também não era obrigado a nada) mandou embora Dorival Junior para não precisar te punir e te passou a seguinte mensagem:
Pode fazer o que você quiser. Você é bom demais para ser punido.
E foi essa mensagem que desencadeou comportamentos inimagináveis de sua parte. No Santos, na seleção brasileira, no Barcelona, na vida… Quando você dá uma declaração dessas, você não atinge a meia dúzia de dirigentes que processam seu pai, sua empresa, sua nova casa: você atinge quase 5 milhões de pessoas que te amam do fundo da alma, por tudo que você fez por elas, ou melhor, pelo clube que elas amam. Esses dirigentes estão pouco se importando com suas palavras…
São essas pessoas que te defendem do indefensável. Que perdoam seus erros e preferem te ver como ídolo. Você tem noção do que representa pra elas? São as pessoas que amam o clube que te proporcionou tudo o que você é hoje, e foi também esse clube que passou por cima de muita coisa, esquecendo erros e mal criações, para que você pudesse ser o que você é hoje.
E como você retribui? Não adianta dizer que é grato se você não demonstra gratidão. Respeito é algo que vem de berço, que não se adquire com treinador nenhum.
Quer jogar no Flamengo? Vá. Jogue até no Corinthians, se quiser. Mas pelo menos demonstre respeito e gratidão por quem já fez tanto por você, por quem lhe respeita e lhe é eternamente grato. Isso é o mínimo. O mínimo.