Doze anos, quatro técnicos diferentes e três Copas do Mundo. Essa foi a “distância entre o jogo entre Brasil x Haiti de 2004 e o deu ontem. O placar foi até parecido, 6 x 0 lá, 7 x 1 cá. Apesar disso, muita coisa mudou nesse período de tempo.

Lembra quando éramos mais novos, como era o sentimento de um jogo de Seleção Brasileira? A ansiedade tomava conta da população, não víamos a hora de ver o escrete canarinho em campo, o Galvão narrando e o Mauro ou o Tino reportando. E se um jogador do nosso time era convocado, então? Era festa para o torcedor. Festa dupla. Seu jogador estava no time e o rival, não. Era sarro para todos os lados.

Doze anos, quatro técnicos diferentes e três Copas do Mundo se passaram e tudo mudou. “Jogo da Seleção? Hoje? Nem sabia…”. “Nossa, esse Galvão não cala a boca…”. “Eu não acredito que a gente vai perder o nosso lateral pra essa porcaria de Seleção! E como fica meu time no Brasileirão?”

O que aconteceu com o brasileiro? O que aconteceu com o Brasil nesse meio tempo? Como perdemos o interessa pela Seleção que já nos deu tanta alegria?

Será que foram os doze anos, onde outras equipes cresceram tanto, a ponto de deixar a nossa no chinelo? Nem na Venezuela andamos pondo medo. Enquanto parece que nosso futebol estagnou, outras potências cresceram, como Alemanha, Espanha e Argentina.

Será que foram os quatro técnicos que por ali passaram? Parreira, Felipão, Mano e Dunga, por duas oportunidades, convocaram errado? Escalaram errado? Foram as opções erradas? Será que o Brasil desaprendeu como se joga? Falta material humano? Algumas respostas são sim, outras não, principalmente no que tange a qualidade de material humano. Temos sim bons nomes para agora e para o futuro, mas falta alguém que realmente dê liga. Os resultados podem ser positivos, mas não agradam ou convencem.

Será que foram as três Copa do Mundo que nos machucaram tanto? O que doeu mais: o desaparecimento do quadrado mágico de 2006, o pisão de Felipe Melo em 2010 ou o 7 x 1 de 2014?

“Ah, mas nós ganhamos cinco títulos nesse meio tempo”. De fato. Foram duas Copas Américas e três Copas das Confederações. Mas eu te pergunto: você lembra dessas decisões? Na Copa América de 2004, ganhamos nos pênaltis, após o Adriano arrancar o empate na bacia das almas. Na de 2007, foi com goleada, contra a Argentina, mas nada que enchesse a vista.

Na Copa das Confederações de 2005, aí, sim, foi com prioridade, 4 x 0 sobre a Argentina com show do quadrado que decepcionaria um ano depois. Mesma coisa da de 2013 que foi o time que passou vergonha em casa contra a Alemanha. Em 2009, passamos sufoco diante de um emergente Estados Unidos.

Muitos números, muitas competições, alguns títulos e pouco de Brasil. Derrotas fazem parte, mas o brasileiro não aceita essa cultura. Nos acostumamos com show, mas talvez esse seja o maior dos problemas. Uma atuação a baixo já nos deixa com a pulga atrás da orelha.

Doze anos, quatro técnicos diferentes e três Copas do Mundo. Será que esse vai ser o tempo de espera até ter um Brasil que agrade aos brasileiros? Espero que não…

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