Eram seis vitórias em seis partidas. Atuações convincentes contra adversários muito complicados, como Argentina, Colômbia e Equador – fora de casa e na estreia do técnico Tite. Mudança de postura dentro de campo e no ambiente da seleção fora dele. Mas ainda assim não foi o suficiente…

“Ah, mas jogadores atuando na China não podem estar na Seleção”. “Ah, mas a Seleção ainda não esteve em uma situação desconfortável, saindo atrás do placar”. “Ah, mas Fagner não merece ser convocado. Cadê Fabinho e Lucas do PSG?”. “Ah, Paulinho até é titular hoje, mas dificilmente sustenta a posição até a Copa do Mundo”. Todos esses “argumentos”, ouvidos em programas esportivos nos canais especializados e também muito lidos nas redes sociais, caíram por terra hoje.

Contra o Uruguai, no hostil estádio Centenario, o Brasil iniciou a partida mostrando que, mais uma vez, calaria os críticos e seguiria sua saga tranquila rumo à Rússia. Tudo parecia tão calmo que Marcelo, que em um momento “peladeiro”, tentou atrasar com o peito a bola cruzada na área brasileira e acabou entregando nos pés de Cavani. Alisson não conseguiu chegar a tempo de tirar a pelota dos pés do uruguaio e cometeu pênalti. O jogador do PSG não desperdiçou e se isolou na artilharia das Eliminatórias, com 9 gols. Desespero para o Brasil, agora naquela “situação desconfortável, saindo atrás do placar”? Não, nem um pouco.

A Seleção continuou tocando a bola, rodando o jogo com paciência para encontrar os espaços. A Celeste dificultava e marcava Neymar sempre com dois ou três jogadores. Só que se esqueceram de outra arma brasileira… Aos 18 minutos, o menino Ney atraiu a marcação uruguaia pela esquerda, passou por dois adversários e rolou a bola para Paulinho – aquele que “não sustentaria a posição até a Copa do Mundo” -, que, com espaço, ajeitou e acertou um balaço no ângulo de Martín Silva.

O empate deu ainda mais tranquilidade ao time brasileiro, que teve o controle total da partida. É impressionante como a equipe de Tite não se desespera, pressiona o adversário e ataca os espaços com maestria. O gol da virada parecia questão de tempo, e veio logo no início da segunda etapa. Firmino girou pra cima de Godín e bateu para bela defesa de Martín Silva. No rebote, Paulinho fez o segundo dele na partida. “Jogador que está na China não pode ser convocado”, não é? Aliás, Renato Augusto também mostrou versatilidade hoje, ao ficar mais “preso” defensivamente para deixar Paulinho brilhar no ataque.

Neymar e Paulinho, os destaques da Seleção Brasileira na goleada de hoje

A virada trouxe desespero ao time uruguaio e mais domínio de jogo ainda à Seleção. Sem muitos recursos sem Suárez, a Celeste ameaçou apenas nas bolas aéreas e ainda mostrou fragilidade defensiva, algo que não havia sido um problema nos outros jogos em casa. Com uma marcação avançada e uma defesa lenta, ficou ainda mais fácil para o Brasil, que fez seu terceiro gol explorando a pouca velocidade dos defensores uruguaios. Miranda afastou a bola no campo defensivo brasileiro, Neymar ganhou de Coates na corrida e deu um toquinho magistral, de cobertura. Um golaço do melhor jogador do mundo no ano de 2017.

Mesmo com a vitória garantida, o quarto gol ainda veio e de novo com Paulinho, após belo passe de Daniel Alves. O meio-campista é criticado, muitas vezes, por não ser o melhor tecnicamente ou o que melhor tem atuado na posição nos grandes centros do futebol mundial. Mas digam, sinceramente: quem exerce melhor a função que Tite tanto precisa em seu 4-1-4-1 do que Paulinho? Comentaristas e torcida precisam urgentemente entender que a Seleção Brasileira não é feita de levar apenas os melhores jogadores de cada posição atuando mundo afora, mas sim de convocar quem melhor exerce o papel que o treinador precisa dentro de campo.

Na próxima partida, contra o Paraguai, na Arena Corinthians, o Brasil não contará com Daniel Alves, o lateral direito titular da posição. A vaga cai no colo de Fagner, um dos nomes mais criticados na convocação do treinador canarinho. Mas depois de tudo que ele fez, resgatando o orgulho e o bom futebol da Seleção Brasileira após o 7 a 1 e uma eliminação humilhante contra o Peru, como vocês ainda ousam duvidar das escolhas de Tite?

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