Virou piada. Venerada pelos analistas táticos e classificada como time dos sonhos da geração playstation, que só acompanha futebol internacional, despreza o jogo “raiz” do Brasil e não sabe o que é jogar uma pelada de verdade na rua, a “ótima geração belga” que surgiu para o mundo do futebol no início da década, com jogadores técnicos e habilidosos atuando nas principais ligas europeias, chega à Rússia em seu melhor momento, com os atletas no auge da forma física e um ambiente tranquilo fora de campo.

Após uma Copa do Mundo fraca em desempenho no Brasil, em 2014, com eliminação para a Argentina nas quartas de final, e uma Eurocopa 2016 ainda mais frustrante caindo para o azarão País de Gales também nas quartas, a virada para o time belga começou com a saída do técnico Marc Wilmotts e a chegada do espanhol Roberto Martinez para comandar a seleção, em agosto de 2016.

A principal contribuição do novo treinador foi a mudança do esquema tático. Aproveitando a escassez de laterais de bom nível, Martinez passou a escalar a Bélgica em um 3-4-2-1, com Meunier e Ferreira Carrasco, ponta de origem, fazendo as alas. No meio campo, Witsel é o responsável pela marcação e De Bruyne por dar a saída de bola com qualidade, como faz no Manchester City. Mais a frente Hazard e Mertens têm habilidade, além de  vocação artilheira para ajudar Lukaku na função de marcar os gols.

A principal preocupação está no sistema defensivo.  Alderweireld vem de uma temporada de lesões no Tottenham, enquanto Kompany e Vermaelen têm grande histórico de lesões e ainda podem ser cortados.

Com o novo comandante o desempenho da seleção belga melhorou consideravelmente. Nas Eliminatórias para o Mundial 2018, a seleção se classificou diretamente e de forma invicta, com 9 vitórias e um empate. Nos amistosos pré-Copa vitórias com atuações convincentes sobre Egito e Costa Rica e um empate sem gols e sem graça se poupando com Portugal.

A Bélgica chega à Copa 2018 com seus ótimos jogadores no auge físico e técnico, na casa dos 27, 28 anos. Hazard é o  mais decisivo do Chelsea, De Bruyne o maestro do Manchester City, Lukaku o artilheiro do Manchester United e Mertens se tornou peça chave na última temporada do Napoli.

Após as frustrações das últimas competições, essa a hora certa para os belgas mostrarem que são sim competitivos e podem ir longe no Mundial. O título é muito difícil, mas uma semifinal não seria nenhum absurdo. Uma chance de ouro para a ótima geração belga mostrar que não é apenas  mito do videogame e uma ilusão dos aficcionados por análise tática e futebol europeu.

 

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