Um senhor de voz pacata, mansa, muito tranquila e que emana história a cada frase que diz. Esse é Walter Nascimento Junior, nascido na pequena Montecastelo, no interior do estado de SP e dono de uma carreira invejável no mundo do futebol. Abonado por conquistas e bons causos, Walter deu a nós, do Linha, a satisfação de tê-lo como nosso entrevistado nesta semana e contou que iniciou sua vida no esporte ainda quando muito garoto, na cidade de Bauru, como apenas 18 anos, em 1979.

“Quando cheguei no Noroeste, a situação era muito boa, o clube estava na elite do futebol nacional e tinha como principal referência o furacão da Copa de 1970, o grande Jairzinho”. Com uma naturalidade que perturba, Walter demonstra que aquele Norusca era um oásis de craques dentro do cosmos pequeno que é o interior do estado, afinal, o clube tinha um selecionável dentre seus homens. Mas a vida em Bauru não foi apenas de glórias, como essa.

É como diz Walter, em tom mais baixo e voz trêmula, “mas tivemos muitos altos e baixos lá no Noroeste”. Sim, ele tem razão. Em 1981, a maquininha foi rebaixada à segunda divisão de onde só sairia em 84, mas para onde retornaria um ano mais tarde. Chamado pela critica como “ioiô”, o Noroeste viveu anos de tristeza. Questionado, logo em seguida de seu silêncio, sobre as lembranças que ficam, ele exalta: “A conquista da segunda divisão foi um marco na nossa vida, hoje temos essa história que ficará marcada pro resto da nossa vida, então, foi inesquecível. Foi mesmo, Walter, o retorno à elite foi um respiro de vida para Bauru, para os torcedores, para a comunidade do Noroeste que tanto sofreu em viver o descenso.

A vida em Goiás

Ironicamente, a vida fez questão de se redimir com Walter. Nós, propositadamente, omitimos a informação que seu inicio no futebol foi em um teste no São Paulo Futebol Clube, mas o clube o emprestou ao Norusca. Anos depois, o Goiás perderia seu lateral Zé Theodoro para o tricolor paulista que cederia Walter para o clube do centro do país. E seria lá que a felicidade entraria de vez para a vida dele. “Foi uma transferência que surgiu, né. Eu acabei indo pro Goiás, acabei me sobressaindo aqui, e foi tudo muito gratificante na minha vida”
Pelo esmeraldino, Walter foi um campeão dentro das quatro linhas, mas também fora delas. Conduziu a geração de garotos de 1994 até o retorno para a elite do futebol nacional. Como ele diz, com carinho escancarado: “tínhamos estrutura em todos os sentidos, foi uma experiência linda para mim e eu pude aproveitar da melhor maneira possível”.

Má fase do Noroeste

Talvez tenha sido o momento mais intenso da entrevista a nossa abordagem sobre o atual momento do Norusca, Walter deixou a emoção falar mais alto que qualquer relação profissional e lamentou: “A gente lamenta a situação da maquininha, né, porque é um time que eu aprendi a gostar. Fiz ali grandes amizades e queria ver o clube galgando sempre a primeira divisão porque só se tem vida quando se está na elite. Que as coisas melhorem logo”. Compartilhamos integralmente esse desejo..

Condução da tocha olímpica

Walter Nascimento foi um dos escolhidos a conduzir a chama dos jogos Rio-16 no estado de Goiás. Essa é a manchete de um jornal goiano sobre esse momento que ele mesmo classifica como o grande momento esportivo da sua vida: “Top 3, não. Top 1! (risos). É uma oportunidade única que ficará marcada na minha vida, um momento muito emocionante.” Não era pra menos, afinal, um esportista desse gabarito não poderia ser mais adequado a conduzir sob suas mãos o mais importante símbolo do esporte.

Walter, um personagem carismático, simples e cheio de bons causos a serem compartilhados com o mundo. O Linha sente-se honrado em levar um pouquinho dessa vida recheada para mais gente conhecer.

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