Acontece há 3 dias, no Rio de Janeiro, o Rio Open, um torneio da ATP, realizado com alguns dos bons nomes do tênis, não aqueles do Top 3, mas aqueles que estão próximos de estar ou já estiveram, tais como Rafael Nadal e Jo Wilfried Tsonga, dois caras que são dos 10 melhores de todo o circuito. Até aí, tudo ok, certo? Sim. O brasileiro mais bem ranqueado no momento, Thomaz Belucci, atual trigésimo quinto colocado, havia sido eliminado no segundo dia de Rio Open, após derrota para o cascudo Andrey Dolgopolov, em 2/0. Rogério Dutra Silva, o Rogerinho, segui o mesmo rumo de insucesso de Thomaz. Outro com bom ranking, centésimo décimo quarto da ATP. E agora, tudo normal? Sim, ok. Nada favorável, mas ainda compreensível. Bia Haddad e Teliana Pereira, nossas duas melhores jogadoras, também caíram. Não havia mais esperanças de ver um sucesso made in Brazil em um toneio organizado e realizado por aqui. O que restava? Curtir e prestigiar os grandes nomes e asistí-los atropelando adversários até a final do torneio. Tudo muito simples. Não. Nada de comum. Havia um fator de imprevisibilidade que motivou esse texto, uma história homérica.

Thiago Monteiro, um brasileiro de 21 anos de idade, um brasileiro que foi o número dois do ranking juvenil da Associação dos tenistas profissionais e que ocupa a 338 posição na ATP. Mas, acima de tudo, um brasileiro que não causou interesse do público que logo bradou que ele seria esculhambado por Tsonga, um top-10. Seria ufanista demais pensar que o jovem Thiago fosse capaz. Fosse.. Tarde do dia 17 de fevereiro, quadra central do Rio Open 2016, Thiago Monteiro, um desconhecido, tem o ponto do jogo em suas mãos para derrotar o francês do saque violentíssimo. Em letras garrafais, enfim, a história foi cravada no saibro do torneio e no coração daqueles que assistiram àquilo que se aparentava tão improvável. Surgia uma notícia, muitos artigos de apaixonados pelo tênis e carente do dito cujo na versão .br. Sim, sou. Antes deste feito, Thiago teve seu maior resultado chegando às semis do Challenger, do Rio, um torneio de baixa representatividade. Vocês notam o tamanho da vitória sobre Tsonga? A proporção é assombrosa, ainda que pouco provável que o título venha. Motivo para comemorar, mas muito mais para criticar, para resignar-se e refletir o quão errado anda o tênis na nossa terra. O espetacular Thiago Monteiro é a exceção que confirma a regra. Nosso maior expoente, que é o Thomas, não consegue ir além de primeiras rodadas em slams, nossa base de treinos e apoio de federações é algo de pornográfico. As nossas conquistas sempre surgem de brilhantismos individuais, sazonais. Aí você me questiona sobre Bruno Soares, campeão de duplas mistas e dupla masculina na Austrália, eu respondo que ele, um gênio do esporte, precisou se unir a um britânico para alcançar a conquista, não havia um parceiro capaz de ser o que Murray foi. Porquê? Porque, federação? Responde aí. Temos de registrar, elogiar aos montes, celebrar muito e exaltar Thiago, um brasileiro que sacou para a história, mas que esse dia sirva para fomentar a discussão sobre o esporte e sobre como continuamos a sobreviver de relances, de inspirações, sem a mínima condição estrutural do esporte. Uma glória, uma pena.

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