As semanas que anteriores à Copa do Mundo sempre são recheadas de expectativa, afinal, os treinadores devem enviar à FIFA os jogadores reservados para a disputa da máxima competição do futebol mundial. Um nome era certo na lista de Tite, mas acabou virando desfalque, e o mais perto que estará da Rússia será nos álbuns dos fãs colecionadores: Daniel Alves. O lateral do PSG sofreu uma lesão no joelho direito e passará por cirurgia, tendo sua previsão de retorno aos gramados apenas para novembro.

A ausência do lateral-direito titular da seleção desde a Copa do Mundo de 2010 gerou todo tipo de reações: críticos consideram que o Brasil ganhará em marcação e fechará um caminho que certamente seria explorado pelas seleções adversárias para chegar ao gol de Alisson. Defensores lamentam a ausência e acreditam que o Brasil perderá muita força ofensiva, além de liderança e experiência. Fico com os dois. A qualidade de ataque é diretamente proporcional aos problemas defensivos que Daniel Alves tem mostrado. Problemas estes que não são novos na vida do lateral, e que custaram à seleção e aos seus clubes vários gols sofridos nas suas costas. Contudo, com menos velocidade do que há oito anos, o baiano agora consegue dosar suas incursões ofensivas, o que somado à sua facilidade de cruzar ou até mesmo finalizar ao gol adversário, tornam-no um dos laterais com maior qualidade ofensiva.

A ausência do experiente lateral do PSG abre espaço para a renovação. Com ela, Danilo, formado nas categorias de base do América de Minas Gerais e com destacada passagem pelo Santos, deverá ser o camisa dois da amarelinha na Rússia. Volante de origem, o mineiro se destacou como lateral-direito no Santos em 2010, abrindo espaço para sua convocação para a seleção brasileira sub 20, campeã sul-americana e mundial em 2011, além da medalha de prata nas olimpíadas de Londres 2012. Na Europa, teve sucesso no Porto, mas não repetiu no Real Madrid, sendo reserva do questionável Carvajal.

Contudo, sua ida ao Manchester City trouxe de volta o bom futebol e se tornou figurinha carimbada das convocações do Tite para a seleção brasileira. Marca melhor do que Daniel Alves, mas a sua qualidade ofensiva é menor. Ao seu favor tem ainda o fato dele poder jogar em todas as posições da defesa (faz isso regularmente no seu clube) em casos de emergência. É a melhor opção para substituir o lateral do PSG e seus 26 anos lhe permitem sonhar com pelo menos mais uma Copa do Mundo em alto nível.

Outro nome cogitado para a vaga de lateral-direito brasileiro na Copa do Mundo é a de Rafinha. O atual jogador do poderoso Bayern de Munique tem uma trajetória no mínimo curiosa. Seu nome sempre aparece como opção para a seleção brasileira, mas tem poucas partidas disputadas como titular ao longo da sua carreira. Chegou a recusar uma convocação e gerou boatos de uma possível naturalização para defender a Alemanha, mas recuou e agora pode aparecer na Copa da Rússia. Não tem identificação nem com a seleção nem com o treinador, mas a sua qualidade é infinitamente superior à do seu concorrente direto (Fágner). Mas o belo não garante a eficácia, e Rafinha terá longas horas de ansiedade até a convocação definitiva.

Por último, o vilão. Vilão das canelas adversárias, do fair play, da lealdade e até mesmo da ética. Um dos jogadores mais violentos (sim, violentos, não raçucos ou dedicados, e sim agressivos e maldosos) do futebol brasileiro. Compõe a lista de jogadores mais odiados pelos torcedores adversários. Entretanto, as suas atuações com a camisa do Corinthians enquanto Tite era o treinador o colocaram como o “queridinho do professor”. Não podemos ignorar a qualidade ofensiva e até mesmo defensiva do jogador nascido no Vasco da Gama. Tecnicamente, pode até disputar uma vaga. Mas jogar com ele em alto nível e com VAR a disposição dos árbitros é uma loteria, pois as chances de levar cartões geralmente desnecessários é imensa. Tem qualidade, mas não cabeça para disputar uma Copa do Mundo.

Por fim, diga não aos testes. Não é hora de improvisar ou de procurar nomes fora do baralho. Basta a experiência de 2010 com Michel Bastos jogando de lateral após uma temporada toda como ponta para lembrarmos de que Copa do Mundo não é momento para improvisos. A disputa hoje é entre o bom, o belo e o vilão.

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