O dia 08 de julho de 2014 jamais será esquecido na história do futebol brasileiro. Nosso maior vexame, a derrota no Mineirão de 7 a 1 para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, completa dois anos nesta sexta-feira. Após o jogo e a vergonhosa eliminação do Mundial, o que mais se pediu foram mudanças drásticas no futebol brasileiro, desde a direção da CBF até a estrutura dos clubes. Dois anos depois, quase nada mudou.

Os dirigentes da CBF até foram denunciados pelo FBI em um grande escândalo de corrupção no ano passado, mas continuam no poder. Marco Polo Del Nero ainda é o presidente e os cartolas dos clubes continuam subservientes e jamais se posicionam contra quem está no poder. O calendário dos times, outra reclamação constante, também segue idêntico: estaduais que ocupam quase metade do ano com vários jogos inexpressivos na fase de classificação e sem pausa dos campeonatos nacionais nas datas-FIFA. A profissionalização dos árbitros e a falta de mais jogos durante o ano para os times pequenos, outros problemas do futebol brasileiro, também seguem sem solução.

A seleção brasileira seguiu o mesmo caminho dos outros problemas após o 7 a 1. Marco Polo Del Nero recontratou como técnico da seleção Dunga, que havia fracassado na Copa de 2010. O resultado visto foi uma seleção brasileira que fracassou nas competições que disputou (duas eliminações em Copas Américas) e o atual sexto lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, resultado que deixaria o Brasil pela primeira vez fora de um Mundial. Além de resultados fracos, presenciamos um futebol pobre tecnicamente e taticamente, afastamento de jogadores da seleção por questões pessoais e comportamentais e um relacionamento conturbado do treinador com a imprensa.

Após a eliminação na primeira fase da Copa América Centenário, em 2016, Marco Polo Del Nero se rendeu a vontade da imprensa e da torcida brasileira. Demitiu Dunga e contratou Tite, reconhecidamente o melhor técnico brasileiro da atualidade e responsável por conduzir o Corinthians aos títulos da Libertadores e do Mundial de 2012 e dos Campeonatos Brasileiros de 2011 e 2015, este último com o time jogando um futebol de qualidade e ofensivo. Em seu ano sabático, Tite estudou, se atualizou, se reinventou como treinador e se preparou para assumir o cargo de técnico da seleção brasileira.

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Tite é o novo técnico da seleção brasileira (Foto: Reprodução/Facebook da CBF)

Além de Tite, outro ponto positivo para o futebol brasileiro foi a confirmação de Rogério Micale como o técnico da seleção brasileira nas Olímpiadas do Rio de Janeiro no lugar de Dunga. Com uma trajetória vitoriosa no futebol de base e também um estudioso do futebol, Micale fez toda a preparação do time olímpico. Na convocação para os Jogos, apostou na liderança e experiência de Fernando Prass e em jogadores reconhecidamente talentosos em seus clubes, como Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus. Mesmo que a medalha de ouro não venha, a perspectiva é de que o time olímpico jogue bem e os garotos possam se credenciar a ganhar uma chance na seleção pincipal com Tite.

Mais na pressão do que na convicção e escrevendo certo por linhas tortas, a CBF parece estar dando uma nova chance a seleção brasileira. Tite já mostrou sua capacidade como treinador nos clubes onde passou e a geração de jogadores, se não tem a mesma qualidade de Rivaldo, Ronaldo, Cafu e Roberto Carlos, já mostrou talento e capacidade de jogar bem. A seleção brasileira parece finalmente ver uma luz no fim do túnel dois anos depois do maior vexame de sua história.

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