O Palmeiras terminou a temporada de 2016 por cima da carne seca. Campeão brasileiro com sobras, elenco estrelado e aporte financeiro como poucas vezes foi visto no país. Aí o técnico Cuca cumpriu uma promessa feita à família e saiu para, como está na moda, um ano sabático.

Com um mercado de treinadores com pouquíssimas opções, Eduardo Baptista foi o escolhido pela diretoria verde para tocar o barco, ou melhor, o transatlântico palmeirense. Filho do também treinador Nelsinho Baptista, Eduardo vem referenciado por bons trabalho por Sport e Ponte Preta, mas sem passagens notáveis por alguma das grandes equipes do Brasil.

Começo de trabalho é sempre complicado, sobretudo quando a pré-temporada é espremida e a preparação é feita durante os jogos. Sob a gestão de Baptista, que já tinha sua capacidade de lidar com elencos recheados questionada pela imprensa antes mesmo de se assinar com o clube, os resultados da época de Cuca não se repetiram e o futebol, que já não era vistoso, piorou. Foi o suficiente, claro, para que as cornetas soassem nos lados da Academia, pedindo a cabeça do treineiro.

É preciso a gente verde ter mais parcimônia na análise. Pelo menos, mais lucidez do que a usada para somar quatro e um. Diferentemente do que acontece quando um técnico chega durante a temporada para render outro, é normal que ele já comece a implementar suas ideias de jogo em vez de promover pequenos ajustes no time que herdou.

E ajustes a serem feitos não são poucos. Primeiro porque o elenco Palmeirense recebeu reforços de peso. Depois, e principalmente, Baptista não conta, de saída, com quatro titulares indiscutíveis e de importância inegável no time campeão do ano passado: Yerri Mina, Moisés, Tchê Tchê e Gabriel Jesus.

Ora, que treinador já pegaria um time com baixas como esta e, de largada, atingiria o nível do ano anterior? Deixem que eu respondo: nenhum. Por dois motivos básicos: as mudanças no plantel em si e o início da temporada. Inexplicavelmente, a exemplar gestão alviverde conseguiu a proeza de preencher as 28 vagas para a primeira fase do Paulistão e deixou o principal reforço, o colombiano Borja, de fora.

O Palmeiras, como os outros times que disputaram o campeonato nacional, começou a se preparar em campo no início do ano. Boa parte dos times do interior paulista que disputam o estadual já estava treinando há pelo menos 20 dias, o que, em curto prazo, faz uma diferença enorme. Depois que acontece um equilíbrio na parte física, quem for melhor tecnicamente normalmente se sobressai, mas isso demanda tempo e paciência para Eduardo Baptista, ou qualquer outro treinador, trabalhar.

Coisa que parte da imprensa e da torcida não tem tido, e nem costuma ter.

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