Os Estados Unidos da América precisam de inimigos e, para isso, criam demônios. Rivais a serem perseguidos por um suposto motivo plausível que viabilize e valide ações bruscas de dominação e controle. Estabelece uma “Guerra ao Crime” em que ele, como pais e centro de comando, crie uma aura de justiça e receba o selo da invisibilidade para agir. Forja a defesa que ataca livremente.

Cresce. Doutrina e retira o foco. Spotlight, o filme, por exemplo. Toma a fonte de luz e direciona ao seu gosto para que lhe sobre a sombra, lugar confortável que disfarça erros, que penumbra dificuldades, que abra caminho para sobreviver. Dá comida aos leões, mas a carne dos outros, é claro. Bode espiatório, um boi de piranha.

11 de Setembro foi o boi.

Robinho foi o boi.

Cuca é uma pessoa de convicções, de fé, de irredutibilidade. O fracasso e a glória fazem parte da história dele, mas o modos operandi faz parte da essência. É 100%. É política. É ame ou deixe-o. É meticuloso. Observa e controla o que o cerca e se prepara para ação. Se as nuvens se atentarem ao amontoamento e tempestade se avizinhar, que se molhem os outros. Custe o que custar.

Em 2016, Robinho, querido pelo torcedor, foi o escolhido para mexer as águas, para puxar para si as bordoadas. Para tirar o foco dos problemas de seu comando e dar brecha para recuperar as celeumas e viabilizar uma nova empreitada. Endeavour.

Foi Tardelli.
Foi Ronaldinho.
Foi Lucas Barrios.

É o Estado Islâmico.

Existe uma linha de raciocínio entre os personagens. Criam demônios para unir o seu povo em prol de um bem maior. Descaracterizam uma situação e reconstrói a narrativa ao seu favor. Uma habilidade rara de fazer do factoide o fato. É como se fosse possível parar o tempo e remoldar a cena. Tarantinizar a vida.

Felipe Melo foi o caixa maldita de Seven. Aquele outro filme.

Aliás, foi a caixa de pandora ao contrário. Felipe parecia expelir problemas e abrir cicatrizes. Jogá-lo pela janela parece sugar o que há de errado e se desfazer do conteúdo, como deveria ter feito o protagonista dos sete pecados capitais, como deveria ter feito Obama, com aquela “instituição”.

Cuca repetiu a cena.
Os Estados Unidos repetem sempre.
O cinema repete os dois primeiros.

A vida não costuma de repetir nas previsões, mas é certeza que mais uma Guerra ao Crime está em plena atividade.

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