Foi uma loucura. Gol de mão de Jô, discussões amontoadas sobre caráter, honestidade e hombridade. Um título que chegou e uma medida patética de emergência. Não serei eu a escolher um desses temas, mas podemos fazer uma série de conclusões sobre esse navio sem rumo em que nosso joguinho de terra e raiz está trancafiado, como estavam Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone e 50 cent em Escape Plan, um filme excelente, lá de 2013, quando o futebol já era uma casa sem mãe, coitada da Joana, né?

Tudo bem, o gol aconteceria com ou sem mão, mas um goleiro deixa de ir na bola mesmo que fosse gol? Um atacante deixa de conferir a sobra, mesmo sabendo que seria gol? Bobagem. Maquiavel afirmou em O príncipe que devemos agir segundo a moral sempre que possível, infringindo-a somente quando for isso necessário. A regra é o bem, mas o mal pode ter seu uso. Isso, porém, não significa fazer o mal ao bel-prazer, menos ainda ser mau. Jô foi ser humano, racional em sua emoção, usou o bem do mal. O erro não está aí.

É filosófico, é do ser humano. A tendência de se sentir pressionado pela conquista. O problema mora no discurso. Também é filosófico que a moral reside de coerência e na coesão entre interno e externado. Se você fala, você deve manter ativo o que foi dito, ou seja, Jô, se Rodrigo Caio teve uma atitude que você julgou “ um exemplo pra mim, tomou uma ação que eu quero ter e que o futebol mundial precisa ter”. Concordamos em absoluto, caro camisa 7. Você teve a chance de provar, de ser diferente do que você condena, mas o externo deu de ombros com o seu discurso. Profano, diriam os musicais dos anos 90.

Não te julgaria eu, o mundo todo, se não houvesse o prefácio. Não seria sua obrigação, futuro artilheiro do campeonato Brasileiro. Você já se provou grande em atitude e em serviço. Poderia ter ido além, poderia ter sido o que você disse querer ser. Sobra a pena, pena de uma sociedade corrompida que se afunda em hipocrisia e busca sedenta por exemplos e morre com discursos. Só mais um deles. O assunto morre aqui, Jô, mas o seu exemplo de grandeza que lhe custaria nada, tampouco ao seu time campeão de 2017, ficaria aqui pra sempre. Pra mim, pros seus filhos.

CBF e as cicatrizes

Não bastasse esse episódio, o day after nos brinda com um band-aid para curar uma hemorragia. A confederaçãozinha de meia tigela presidida por um desertor resolve anunciar a sua reação: arbitro de vídeo para a próxima rodada do campeonato. Sabe a real, CBF, seus bundões, a real é que temos apenas mais um episódio de covardia. Vocês não fazem mais do que a obrigação, mas do jeito que sabem: atrasados, errados e sem qualquer estrutura.

 

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