De 3 a 16 de julho, os gramados de Londres serão o centro das atenções esportivas mundiais. Isso não seria novidade se não fosse o fato de que não estamos falando da bola de futebol que tradicionalmente rola nos verdes gramados do mundo, mas das bolinhas amarelas que quicarão na grama sagrada de Wimbledon.  Um dos poucos torneios a equiparar as premiações masculina e feminina, o campeonato distribuirá a simbólica quantia de 135 milhões e meio de reais, sendo que o campeão embolsará mais de 9 milhões de reais e terá o mundo do tênis aos seus pés.

Atual número 1 do mundo e defensor do título, o britânico Andy Murray já sentiu o gosto da glória em duas edições (2013 e 2016). O caminho da estrela da casa parece tranquilo até as oitavas de final, já que estreará contra um tenista proveniente da classificação (Bublic, do Cazaquistão) e tem do seu lado da chave jogadores pouco conhecidos ou que não tem grandes resultados na grama, como o italiano Fábio Fognini ou o francês Lucas Pouille. Daí em diante as pedreiras começarão, podendo enfrentar o francês Tsongá (quem já fez semifinais em Londres) ou o suíço Wawrinka (que não tem boas lembranças da grama inglesa) nas quartas de final e Rafael Nadal (bicampeão em Wimbledon) ou Kei Nishikori (sushi não combina com grama) nas semifinais.

Após uma temporada absurda no saibro, incluindo o título em Roland Garros destruindo Wawrinka na final, Rafael Nadal vem para a grama inglesa sem grandes pretensões. Com um quadro que permitirá ao tenista espanhol ganhar ritmo de jogo durante a competição, não deverá ter maiores dificuldades para avançar até as oitavas de final, quando poderá enfrentar o japonês Nishikori. Caso avance (seria favorito no confronto), Marin Cilic pode ser o fim do sonho do espanhol de repetir os títulos de 2008 e 2009. Caso avance, chegará como zebra numa semifinal contra o tenista da casa Andy Murray, mas nunca podemos duvidar da capacidade de Nadal de vencer em jogos improváveis.

Novak Djokovic chega a Londres precisando de uma reviravolta na sua temporada. Caiu para 4º no ranking ATP e conseguiu nesta temporada apenas um título. Em Roland Garros teve uma eliminação decepcionante nas quartas de final, com direito a pneu (0/6) no terceiro set, e a sorte não parece estar do lado do sérvio. Martin Klizan não é o adversário que um cabeça de chave 2 escolheria para enfrentar na estreia. Mesmo tecnicamente inferior a Djokovic, não deve ser um jogo rápido, e isso pode minar fisicamente o tenista de Belgrado, que possivelmente terá o indigesto argentino Juan Martin Del Potro logo na terceira rodada. Caso passe pela Torre de Tandili, o francês Monfils (irregular, porém, absurdamente talentoso) e o semifinalista do ano passado Tomas Berdych estão no caminho rumo à semifinal, que deverá ser contra Roger Federer, maior campeão de Wimbledon ainda em atividade.

Por falar em Federer, a dúvida que paira em Londres é o que combina mais com a cidade, se o chá das cinco ou os títulos do suíço. Foram 7 trofeus levados para Genebra (5 de forma consecutiva entre 2003 e 2007). Sem erguer a taça desde 2013, Federer simplesmente abdicou de toda a temporada de saibro europeia (inclusive de Roland Garros) para chegar 100% física e tecnicamente em Londres. Se fora do auge ele se transforma na grama, bem preparado aparece como o cara a ser batido no Grand Slam britânico. O sorteio colocou um caminho tranquilo até a 4ª rodada, quando deverá enfrentar o sacador americano John Isner. Daí em diante, Milos Raonic (finalista 2016) e Novak Djokovic deverão ser as barreiras para a final dos sonhos contra Andy Murray.

 

OS BRASILEIROS:

– Rogério Dutra Silva enfrentará o francês Benoit Paire, superior no ranking, porém, sem bom histórico na grama. Será um jogo equilibrado e a garra do paulista pode leva-lo a uma vitória que seria importantíssima para confirmar o bom nível mostrado em Roland Garros.

– Thiago Monteiro enfrentará o australiano Andrew Whittington, de ranking inferior, porém, mais adaptado à grama (o Aberto da Austrália já foi disputado na grama e o país escolhe esse piso em séries de Copa Davis contra equipes adaptadas a quadras lentas).

– Thomaz Bellucci terá uma chance gigante de avançar contra o austríaco Sebastian Ofner. O sorteio ajudou o tenista de Tietê (SP), que deveria chegar até a terceira rodada e enfrentar Raonic. Resta saber se o físico e a cabeça o ajudarão a avançar até uma rodada condizente com seu tênis.

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