O Grêmio é um dos destaques do futebol brasileiro em 2016. Com um investimento em jogadores desacreditados no início do ano e apostando na base para completar o elenco, o Tricolor Gaúcho se destacou por um futebol de qualidade, com troca de passes, infiltrações e muitos gols marcados que encantaram os torcedores e grande parte da mídia esportiva. O bom futebol levou a equipe a conseguir resultados expressivos durante o ano, com  vagas para as semifinais na Copa do Brasil e quartas de final da Libertadores. No Campeonato Brasileiro, o Grêmio se consolidou como principal perseguidor do líder Corinthians e ocupa a vice liderança desde o início da competição.

Com o calendário “maluco” do futebol brasileiro, que possui grande número de jogos por várias competições diferentes às quartas feiras e finais de semana, sem tempo para os jogadores treinarem e fazer a recuperação física adequada, o técnico Renato Gaúcho optou por uma estratégia ousada e questionável para tentar conciliar a disputa das competições de mata mata e do Campeonato Brasileiro sem desgastar fisicamente seus principais atletas.

O polêmico técnico optou por escalar força máxima, com todos os titulares em campo, nas competições mata mata (Copa do Brasil e Libertadores) escalando time completamente reservas, muitas vezes com garotos das categorias de base ainda sem nenhuma experiência na equipe profissional em algumas partidas do Campeonato Brasileiro para dar atenção total à Copa do Brasil e à Libertadores. Os questionamentos de boa parte da torcida e da mídia esportiva a essa estratégia foi pela escolha das competições priorizadas, já que o Grêmio é o atual campeão da Copa do Brasil e não ganha o Campeonato Brasileiro desde 1996. Além disso, a competição de mata mata pode render a eliminação em um jogo, enquanto os pontos corridos premiam a regularidade do time campeão ao longo de 38 jogos.

A ousada estratégia de Renato poderia dar certo, mas já começa a falhar. No Campeonato Brasileiro o Grêmio desperdiçou 11 pontos ao escalar reservas em partidas na qual não venceu: derrotas para Sport (3 a 4), Palmeiras (0 a 1), Botafogo (0 a 1) e empate com o Atletico Paranaeense (0 a 0). Esses pontos complicaram muito a briga pelo título brasileiro, pois o líder Corinthians aproveitou os tropeços gremistas e abriu dez pontos de vantagem na liderança após a vitória sobre a Chapecoense. Se o Grêmio tivesse vencido esses quatro jogos seria líder com um ponto de vantagem sobre a equipe paulista. E o que poderia dar mais errado na estratégia de Renato Gaúcho aconteceu. O Grêmio perdeu ontem para o Cruzeiro por 1 a 0 no tempo normal e depois foi eliminado nos pênaltis nas semifinais da Copa do Brasil. Está fora de uma das competições de mata mata priorizada.

Fora do mata mata nacional e longe da briga pelo título brasileiro, resta a Libertadores, na qual o adversário é o Botafogo nas quartas de final. O torneio continental cresce em uma proporção gigante nas costas de Renato Gaúcho e seus comandados. Passar pelo time carioca e chegar as semifinais virou “obrigação” em Porto Alegre. O Grêmio desistiu dos pontos corridos para jogar tudo nas copas. Apostou alto demais. Poderia terminar o ano com dois títulos e agora corre o sério risco determinar sem nenhum, de ficar marcado na história do futebol brasileiro como um time que jogava um futebol bonito, mas que não ganhou títulos. Renato e seus jogadores têm uma árdua missão pela frente.

 

 

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