Ah, Maradona! Eu sempre te defendi nas discussões sobre você ser maior que o Messi. Sempre aplaudi seus gols, suas brigas. Até La Mano de Dios, para mim, era justificável. Injustificável mesmo foi você colocar a Espanha no Grupo de Portugal. E na estreia! Veio à mente o fantasma da Copa de 2014, em que nós fomos atropelados pela Alemanha e, de quebra, perdemos o Fábio Coentrão para o restante da Copa. Foi uma sucessão de desgraças que complicou um grupo, a princípio, acessível.

No entanto, que chance de ouro esta para mostrar de uma vez por todas quem é que manda na Península Ibérica, além de nos vingarmos das derrotas contra Marrocos na Copa de 1986 e em Alcacer-Quibir.

Vida que segue, o azar de portugueses pode ser o espanhol também. Da mesma forma, Irã e Marrocos não têm motivos para comemorar, embora sejam seleções com boas credenciais para complicarem a vida dos grandões da chave.

CAMPEÕES EUROPEUS CHEGAM À RÚSSIA COM OBRIGAÇÕES
Quando Portugal foi colocado no Grupo B, a sorte sorriu. Afinal, quem passar em primeiro na chave terá um caminho, logisticamente, menos complicado até a final, em Moscou. A capital russa, inclusive, será o palco de quatro dos sete jogos deste cabeça-de-chave, caso confirme a cimeira do grupo e avance até o último dia de competições. Sochi, com duas visitas, e Saranski, no fim da primeira fase, são as outras paragens desejadas pelos portugueses.

Portugal mostrou na Eurocopa, de uma vez por todas, que não é um Cristiano Ronaldo cercado de cabeças-de-bagre por todos os lados, o que força os lusos a se comportarem com grandes que, enfim, agora são. O ponto forte, além do melhor jogador do mundo, está na força do meio-campo, setor onde Fernando Santos tem talentos em profusão: João Mario, João Moutinho, os incansáveis William Carvalho, Danilo Pereira e Adrien Silva, e os jovens que pedem passagem no grupo, como Bernardo Silva, Gélson Martins e Bruno Fernandes. Na frente, a exuberante fase de Gonçalo Guedes pode colocar Cristiano Ronaldo de vez no comando de ataque. O problema dos campeões da Europa é a envelhecida defesa, onde a renovação está aquém do preciso, se comparada ao que se vê no meio e no ataque. Se sobreviver à estreia, terá grandes chances de ter vida mansa nas oitavas, contra o segundo colocado do Grupo A, brilhantemente esmiuçado pelo charrua Nicolas Bianchi.

Treinador: Fernando Santos
Sistema preferido: 4-3-3
Destaque: Cristiano Ronaldo (Real Madri-ESP)
Atenção a: Bernardo Silva (Manchester City-ING) e Gonçalo Guedes (Valencia-ESP)

ESPANHA QUER RETOMAR O CETRO DO FUTEBOL MUNDIAL
Bicampeã europeia em 2008 e 2012 e campeã do mundo em 2010, a Fúria quer recuperar o prestígio que perdeu na pífia campanha da última Copa e ao dar adeus à Euro ainda nas quartas-de-final, quando perdeu para a Itália. Teve um caminho tranquilo nas Eliminatórias, em um grupo cujo único adversário decente eram os italianos.

Do time fantástico que dominou o mundo, ainda há o DNA da posse de bola, agora sob a batuta de Julien Lopetegui, técnico com passagem para ser esquecida pelo Porto, mas que fez sua carreira nas seleções de base da Espanha, razão que mais pesou na sua escolha para render a Javier Clemente, uma vez que alguém precisava comandar a renovação da armada espanhola, cujo esqueleto conta com os gigantes Sérgio Ramos, Piquet, Busquet e Iniesta, que contam com a companhia de jovens como Asensio, Nolito, Ñiguez e Isco.

Assim como Portugal, o drama espanhol reside no duelo ibérico da estreia. Se passar incólume, terá um caminho tranquilo até chegar às quartas-de-final.

Treinador: Julien Lopetegui
Sistema preferido: 4-2-3-1
Destaque: Iniesta (Barcelona-ESP)
Atenção a: Asensio e Isco (Real Madrid-ING)

SORTEIO DOS DIABOS PARA IRANIANOS E MARROQUINOS
Irã e Marrocos são os azarões do grupo, naturalmente. Natural também é o fato de que a estreia pode determinar até onde podem chegar no mundial, ocasião na qual sonhar em avançar às oitavas. O selecionado do país dos aiatolás manteve o técnico Carlos Queiroz, que conhece bem a Seleção Portuguesa, que treinou na Copa de 2010. O time que fez a Argentina suar sangue para vencer em 2014 foi o primeiro a garantir o carimbo no passaporte à Rússia nas Eliminatórias asiáticas, em que tomou apenas três gols em 16 partidas disputadas, mas tem problemas internos a serem resolvidos: o banimento de Masoud Shojaei, do Panionios (GRE) por ter enfrentado uma equipe israelense pela Liga Europa.

Treinador: Carlos Queiroz
Sistema preferido: 4-2-3-1
Destaque: Sardar Azmoun (Rubin Kazam-RUS)
Atenção a: Karim Ansarifard (Olympiacos-GRE)

MELHOR DEFESA DAS ELIMINATÓRIAS É O TRUNFO MARROQUINO
Presente na fase final do Mundial pela primeira vez desde 2002, Marrocos foi a primeira seleção africana a passar de fase em Copas de Mundo (1986, ao bater Portugal por 3 a 1). Os Leões do Atlas tomaram apenas um gol no percurso que os levou à Rússia e apostam na força defensiva para barrar os inimigos ibéricos.

Treinador: Hervé Renard
Sistema preferido: 4-5-1
Destaque:  Medhi Benatia(Juventus-ITA)
Atenção a: Hakim Zyech (Ajax-HOL)
 

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