Há anos a seleção deixou de ser a representante do futebol e do povo brasileiro. Com a globalização e a abertura de portas para os estrangeiros na Europa a partir de meados dos anos 90 e 2000, os melhores jogadores brasileiros atualmente estão todos atuando no exterior e longe do dia a dia do torcedor mais popular que não acompanha a Premier League ou La Liga pelos canais fechados. Para o Mundial de 2018 teremos a Copa com o menor número de convocados que atua no Brasil em toda a história: apenas três.

Se não bastasse isso, as atitudes que a CBF tomou desde que os jogadores se apresentaram ao técnico Tite e iniciaram os treinamentos para a Copa da Rússia reforçaram ainda mais esse distanciamento. Na chegada ao Rio de Janeiro, helicópteros deslocaram os atletas até a Granja Comary, em Teresópolis.  Não se viu nenhuma preocupação em passar pelo saguão do aeroporto, acenar para os fãs e tirar um autógrafo ou uma selfie com os torcedores que foram até lá receber os jogadores.

Durante a semana de treinos em território verde e amarelo, apenas uma atividade foi aberta ao público: um treino na Granja Comary na útilma sexta feira, dia 25, em um campo que comporta 150 pessoas. Com muito mais gente do que o local comporta querendo entrar, houve tumulto.  Não houve nenhum treino aberto no Maracanã ou amistoso de despedida para sentir o carinho da torcida e os desejos de boa sorte antes de embarcar para Londres.

Enquanto a Argentina lotava a Bombonera para dar tchau à torcida enfrentando o Haiti, o Peru fazia festa em Lima contra a Escócia e a Colômbia disputava um amistoso entre os próprios convocados, a CBF colocou Tite, sua comissão técnica e os 23 convocados em uma bolha, longe de qualquer problema que envolve o Brasil atual e do contato popular com o verdadeiro torcedor brasileiro.

Atitude que só serve pra mostrar que há pelo menos 20 anos a seleção deixou de ser o time do povo e representante do futebol nacional para ser uma equipe de futebol a serviço da CBF, que nada mais faz do que cumprir compromissos comerciais de empresas contratadas que marcam os amistosos e os torneios do calendário de seleções, quase todos esses eventos no exterior.

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