Números são formações escritas que buscam algum tipo de representação. Dos romanos aos anglicanos, esses desenhos estiverem por pedras, por pergaminhos, por mapas, por folhas, cadernos, por bloquinhos no criado da cama. Representam o tamanho do sucesso ou a retumbância do fracasso. De um a dez, fazemos classificações. Qualificando as coisas e as pessoas, mas há sempre uma exceção. Nem sempre o dez é o máximo. Um oito pode ser muito além. 8 número cujo símbolo é representado na horizontal como infinito. Ilimitado.

Porém, nada nessa vida é para sempre. Ou, podemos ter a visão de que sempre um ciclo se encerra para outro iniciar-se. E é nessas ondas da vida que um clássico 10 vestindo uma camisa 8 se despede de um amor azul e grená.

De um garoto torcedor do Real Madrid – declarado em uma entrevista quando chegou em La Masia, categorias de base do Barcelona, aos 12 anos de idade – à lenda do clube catalão, Andrés Iniesta anunciou em uma coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (27), que esta é sua última temporada no Barcelona, levando consigo o fim de uma das histórias mais magistrais já vista no futebol e o fim de uma era.

Com 22 anos dedicado a camisa azul-grená, Iniesta, transformou a história de um clube que é mais que um clube. Junto a Xavi e Messi, Iniesta formou um tripé titular absoluto e vencedor, de 2006 à 2016, colocando o clube catalão no hall de equipes inesquecíveis como o Santos de Pelé, o Real Madrid de Di Stefano, Ajax de Cruyff. Com números impressionantes, o maestro espanhol tem em seu currículo 649 jogos, 57 gols e 31 troféus, podendo consquitar o 32° nessa final de semana, contra o Deportivo La Coruña, pelo Campeonato Espanhol.

Um dos maiores jogadores espanhóis de todos os tempos, ao lado de Raul e deu seu parceiro incontestável, Xavi, Iniesta recebeu há dias atrás um pedido de desculpas da France Football por nunca ter lhe dado uma Bola de Ouro, mostrando o quão gigante é o futebol do autor do gol que deu o título inédito à Espanha, na Copa do Mundo, em 2010.

Azar do mundo, caro Iniesta, que o mundo não te teve como o representante número 1, mas como bem dissemos por aqui, são símbolos e eles erram. A carreira que se encerra no décimo oitavo ano do século vinte do maior camisa 8 que essas centenas de décadas já viu, tem sorte. Não foi dez, mais uma vez, mas como o craque, foi um oito com a infinitude dos números e a glória dos inclassificáveis. Insista, pra sempre, um gênio.

 

Colaboração: João Gabriel Falcade.

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