A crônica de hoje não se alongará por muitos parágrafos, mas tentará apenas enaltecer a verdade de uma paixão. O Internacional, clube de Porto Alegre, vive o pior ano de suas últimas décadas, talvez de sua história riquíssima de títulos e conquistas. Trava uma batalha vertiginosa contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Mas ensina o que é amor.
Batendo uma série de recordes negativos de jogos sem vitórias, de mudanças no comando técnico, número de pontos, disso e daquilo, o Inter tem ao seu lado a maior prova de paixão que uma torcida deu ao seu time neste ano de 2016. O Beira Rio, dos maiores e mais belos estádios que há por aqui, está aos ventos com públicos enormes, sempre acima da casa dos vinte ou trinta mil colorados, números que só perdem para os líderes do campeonato, alguma coisa de fantástico.
O Santos, por exemplo, joga, estando em quarto lugar, para pouco mais de 5 mil pessoas em seu “alçapão”. Será mesmo um alçapão? Ou um calabouço? O Beira Rio vem sendo uma caldeira do capeta aos seus adversários, uma paixão que sua sangue vermelho e branco em todo santo e sacrificante jogo. Ainda que, dia após dia, as lágrimas viessem ao fim de cada batalha.
O torcedor parece (tem certeza) que a tarefa de livrar seu time da quase certa queda, agora, cabe a ele, sabe que os homens que o representa são muito aquém da tarefa, homens que mostram uma insegurança internacional, que não reúnem saúde mental para tanto. Já o aficionado, sabe-se Deus como, demonstra uma empáfia vitoriosa, uma auto estima invejável e vai rindo do improvável, construindo a superação.
Conforme o prometido, não nos alongaremos por aqui, mas que fique registrado todo o respeito à torcida do Inter, que sofre, que se agiganta na dor e que ontem, enfim, parece começar a respirar menos ofegante, mas muito mais apaixonado. Os registros da bancada após o gol de Vitinho, o da vitória, mostram um canto ensurdecedor, que superava todo o aparato dos microfones dos locutores televisivos e radiofônicos, que chacoalhava todas as imagens, que arrepiava quem acompanhava, como eu. Boa sorte, colorado. Seu time não merece, mas vocês merecem demais.