Existe uma história bem velha no futebol que costuma dizer assim: “ele vence, ele é bom”. Talvez seja mesmo. Difícil demais questionar números, mas há casos e casos. Há, além de tudo, a necessidade de analisar os meios de uma situação, sem renegar aos tais finais. Tudo é construído, é evolução e demanda entendimento. Faremos isso por aqui, a partir de agora.

Torcedor amigo do Cruzeiro bicampeão brasileiro, você é quem mais propriedade possui para validar a análise que vem a seguir, mas me baseio em vocês, principalmente. O time campeão era uma máquina de destruir números, recordes, tinha sua força nas individualidades, ainda que as vezes deixasse a desejar no rendimento, como força de conjunto e consistência diante dos adversários mais poderosos. Venceu, convenceu e fez história. Ponto pra Marcelo Oliveira, o personagem desse fado.

Começo do fim

2015, Marcelo e Cruzeiro perderam suas principais forças individuais, restou a tarefa de ser campeão das Américas ao conjunto dos Azuis. Eliminação, em casa, para o River Plate por alguns 3 gols. Demissão. Marcelo assumiria o endinheirado Palmeiras, com nomes de alguma relevância, vivendo situação desanimadora na temporada. A tarefa que lhe foi dada era render mais com aquele amontoado de bons homens.

Uma campanha horrenda do Brasileirão, o time que ficaria conhecido com o Palmeiras do chutão, que atacava com alguma competência por seus jogadores de bom poder individual, mas que habitavam um caos tático, um conjunto de time que não funcionava, não encarava grandes nomes do cenário nacional, que fazia mal a tarefa de jogar futebol. Restava a Marcelo e ao clube a Copa do Brasil, torneio no qual chegaria a final após um péssimo duelo de semi-final, no qual a equipe foi levada por Dudu e seus torcedores até a disputa de penaltis que consagraria Prass. Milagres que não serão esquecidos, né, Fred?

Fracasso parte 2

Trancos, barrancos, socos e pontapés. O Palmeiras fez um primeiro duelo final em que agradeceria de joelhos e derrota por um gol. Foi dominado de forma ridícula, com pênalti e chances clarividentes que o Santos jogou às traças. Era um gol a desvantagem que torcida e Marcelo deveriam superar. Superaram. Aliás, a torcida e alguns homens de raro brilhantismo conseguiram a tarefa. Marcelo assistiu e foi agraciado. O Palmeiras dava a ele sua primeira Copa do Brasil, a primeira após 4 vices. Quatro.

2016, Marcelo degringolou com a péssima campanha verde no Paulistão e na Liberta. A mesma ladainha de times mal organizados e treinados. Um fato que se consuma todos os dias. Demitido, assumiu o poderosíssimo Galo, com elenco formidável. Algumas derrotas seguidas no Campeonato Brasileiro. Galo mal. Com a entrada dos nomes mais fortes do elenco no time principal, o time cresceu com vitórias, mas ainda sem o desempenho que empolgasse. Crescia na tabela, mas falhava nos botes decisivos, nunca atingia a ponta da tabela. Ficou fora da disputa pelo título, o que era O MÍNIMO que esse elenco de seleção poderia fazer.

Ultimo ato

Na Copa do Brasil, sofreu às cruzes diante do Juventude, clube de série C. Quase foi morto pelo Inter, quase de série B. A final, diante do Grêmio, um grande super organizado, teve seu primeiro capitulo ainda há pouco. O Galo foi DESTRUÍDO sem esforço. Sem fazer muita coisa, viu. Sabe uma surra? Sim, foi isso. O Grêmio parecia uma equipe de adultos que humilhava um time de crianças, de amadores. O Galo de Marcelo é um desastre tático em uma benção técnica. Foi punido o Barney. Não há sumidades. Não há milagre que dure pra sempre. O talento individual pode vencer sempre, mas organização premia mais, premia sempre.

O Grêmio é campeão da Copa do Brasil com absolutos méritos e poderes. O Galo precisa pensar no futuro. Marcelo precisa repensar a vitoriosa carreira. Está realmente obsoleto, está perdido no mar novo de trabalhos táticos e bem pensados. O torcedor do Palmeiras sabe que seu título foi um milagre de comunhão. O do Galo sabia que não jogava bem. Que era uma desordem absurda. Marcelo, com todo respeito que você conquistou, pare pra pensar em você e em sua imagem. Não faz mais sentido manter esse modelo VENCIDO.

Não poderia deixar esse texto acabar sem citar que Marcelo e seu ostracismo carrega ao lado, como amigo fiel, o passado em forma de atleta, como Leandro Donizete, um rapaz que não pensa, só age. Só reage. Igual ao seu comandante, ainda que o segundo seja de um caráter incrível. A crítica está aí, sim. Espero muito que essa derrota sirva pra refazer homens e conceitos. O futebol precisa de mais. Demais.

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