A polêmica atual no futebol brasileiro é o “Cucabol”, termo criado pelo comentarista da ESPN Brasil Mauro Cezar Pereira em referência ao estilo de jogo que o técnico Cuca vem adotando no Palmeiras, com vários laterais cobrados diretamente para a área e jogadas de bola aérea frequentes. Alguns concordam que o Verdão vem abusando desses artifícios, enquanto outros alegam que é só mais uma arma de um vasto repertório de jogadas. Se o Palmeiras divide opiniões, um time na Europa segue a risca a cartilha do “Cucabol”: o Leicester.

A maior zebra recente dos campeonatos europeus foi campeão inglês praticando um futebol simples e pragmático. Pouquíssima posse de bola durante as partidas, retomadas e saídas de bola rápidas no contra-ataque. Poucas chances de gols ao longo do jogo, mas várias bolas na rede e um título inédito na conta.

Para a nova temporada a base do time foi mantida. O volante Kante se transferiu para o Chelsea e alguns reforços chegaram. O mais importante deles foi o atacante argelino Slimani, contratado junto ao Sporting de Portugal por x milhões de euros, maior contratação da história do Leicester.

Com as mudanças no elenco, o técnico Claudio Ranieri também trocou o esquema tático, saindo do 4-2-3-1 para o 4-4-2. Na nova formação, Amartei é o substituto de Kanté e Slimani se tornou titular jogando ao lado de Vardy, artilheiro do time na temporada passada.

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Escalação inicial do Leicester contra o Porto, na formação 4-4-2. (Foto: Reprodução/LineupBuilder.com)

A mudança de temporada e de esquema tático não alterou o estilo de jogo do Leicester. Contra o Porto, pela segunda rodada da fase de grupos da Champions League, qualquer lateral no campo de ataque era bola arremessada direto para a área adversária. A bola aérea continua a ser explorada. Foi assim que nasceu o gol de Slimani após cruzamento de Mahrez e que decretou a vitória do time inglês sobre os portugueses. E a posse de bola novamente foi mais baixa em relação ao adversário, com 39% contra 61% do Porto.

Não espere do Leicester troca de passes, triangulações e jogadas de efeito. O time faz o mais simples possível que pode ser feito em um jogo de futebol. Uma fórmula que vem funcionando por enquanto. Após o título inglês, os foxes venceram as duas primeiras partidas na Champions League e lideram o grupo G com seis pontos. O sonho da classificação as oitavas de final vai ficando mais perto.

Se fosse um time brasileiro o Leicester seria muito mais alvo de críticas do que o Palmeiras por parte de Mauro Cezar e outros jornalistas que cobram além do resultado um futebol de mais qualidade técnica. O Leicester é um dos maiores exemplos atuais de um time que joga feio e alcança vitórias e títulos. E consegue tudo isso jogando na base do “Cucabol”.

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