A gente precisa conversar sério. Sabe, meu maestro, esse fim de semana eu conclui minha pós-graduação em jornalismo esportivo e acabei esbarrando em um texto do começo do nosso relacionamento. Era tudo tão lindo, não era? Se você soubesse as coisas que eu escrevia pra você… Eu te chamei de “arcanjo da Vila Belmiro”, classifiquei seus passes como “o arqueiro que crava flechas no coração das defesas adversárias” e, no auge dos meus devaneios, intitulei esses rabiscos com a frase “Deus no céu, Lucas Lima na Terra”. Quando foi que a gente se perdeu?

Escrevi essas linhas no começo do ano passado, no primeiro módulo do meu curso, você era camisa 20 e eu já te chamava de 10. Você merecia mais do que ninguém aquela camisa, meu 10. Foi logo após o jogo contra a Ferroviária, lembra? Você tinha jogado pela Seleção Brasileira no dia 29 lá no Paraguai, foi poupado no primeiro tempo, mas entrou em campo quando o time precisou de você e resolveu o jogo apenas dois dias depois, dia 31. Quando foi que a gente se perdeu?

Nesse jogo, inclusive, você fez a exaustão, mesmo cansado, aquilo que você sempre fazia: buscar o jogo. O time não conseguia sair de trás? Sem problema, o Lucas voltava para buscar, para dar opção, para fazer o time jogar. Você era até criticado por isso, lembra? Mas não importava, você queria ganhar de qualquer jeito e as coisas só aconteciam se você fizesse isso, então, você fazia. Quando foi que a gente se perdeu?

Ah, Lucas Lima, quando foi hein? Quando essa gana foi substituída por toda esta soberba? Gabigol saiu no final do ano passado e então você ganhou a camisa 10 que você tanto merecia. Só que aí você parou de merecer. Eu quase não consigo lembrar daquele jogador que apanhava em campo e levantava no mesmo minuto já colocando a bola no chão para bater rápido. Isso foi substituído por reclamações e mais reclamações, amarelos e suspensões…

Nos últimos tempos, se a bola não chega até você, você não tem o trabalho de ir buscar, LL, é como se simplesmente não fosse mais culpa sua e você estivesse ‘de boa’ com isso, andando em campo sem demonstrar nem sombra daquela garra. Como se você não ligasse mais pro resultado das partidas. Você liga?

O Santos sempre acreditou em você. Lembra do título paulista que perdemos para o Ituano? O fato de Oswaldo de Oliveira, que até então fazia ótimo trabalho, não ter deixado você nem no banco de reservas naquele jogo colaborou muito para a queda dele. Nós te queríamos em campo.  Sempre priorizamos o jogador ao técnico (Dorival que o diga). Nós queríamos que você tivesse oportunidades, Lucas Rafael. E agora é assim que você nos trata?

Antes que você, de uma vez por todas, termine com a gente, eu te digo: eu não quero mais, Lucas Rafael Araújo Lima. No passado eu tinha medo de te perder, mas hoje… Hoje é um alívio ver você sair. Não me importo com qual porta você irá usar, nem muito menos qual será seu destino, mas nesse rompimento doloroso, não consigo te desejar boa sorte, nem dizer que quero que você seja feliz pra onde for.

Só sinto alívio. Você me enganou. Você não merece o Santos. No final de alguns relacionamentos há a famosa frase: não é você, sou eu. Não cabe aqui. É sim, você. Já há um bom tempo, o problema é você. Vá embora.

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