A cada dia fica mais claro que torcedores, diretores e, até mesmo, jogadores têm memória curta no futebol. Bastam duas ou três derrotas consecutivas que o treinador ganha o título de culpado pela fase do time e tem o cargo ameaçado. É assim que o Real Madrid tem lidado com sua temporada abaixo do esperado.

Distante do Barcelona na La Liga e eliminado pelo modesto Leganés na Copa do Rei, Zidane já balança no cargo, mesmo tendo em seu currículo à frente do time duas Liga dos Campeões, duas Supercopas da Europa, um Campeonato Espanhol e dois Mundiais de Clubes.

O risco de sua continuidade ocorre devido à lei do imediatismo que a gente imagina só existir no Brasil.

Ninguém comenta muito sobre má fase de jogadores. De Cristiano Ronaldo fazer poucos gols na temporada. De Benzema não ser mais o mesmo. De Bale, Modric, Casemiro, Marcelo e Cia não estarem em sua melhor fase. Não, nada disso: a culpa é do Zidane.

O próprio comandante, inclusive, já vê o confronto diante do PSG, pela Champions, como decisivo para sua sequencia em Madrid.

É preciso parar com essa ideia vaga e sem fundamento. Zidane já tem mais do que provado que é um excelente treinador. Se a equipe não encaixou esse ano, a culpa não é só dele. Mas dos próprios jogadores que não correspondem.

Vivemos constantemente este tipo de situação no Brasil. E por aqui é normal fazer troca de treinadores, não darem tempo ao tempo para a equipe render, encontrar culpados e crucificar o personagem do momento.

É claro que muito se esperava do Real para este ano, ainda mais depois de mais uma Champions e outro Mundial. Mas não vingou. Algo está errado. E o culpado não é Zidane.

Nos bastidores do clube muito se fala que CR7 não quer permanecer e reclama da não chegada de outros bons para o elenco, diferente do que fizeram os rivais pela Europa. Isso mexe com os jogadores na hora da partida. Ainda mais com reuniões entre os próprios atletas para convencer Ronaldo a ficar, assim como os jornais pelo mundo anunciaram que Marcelo, Sérgio Ramos e Modric fizeram.

O problema do Real é ego e não Zidane. Tirar o treinador não vai mudar o rendimento. Os outros problemas vão ficar.

Jogador tem que entrar em campo querendo se doar pelo time e não pensando em números. Enquanto isso não for resolvido, o culpado vai continuar sendo Zidane e não atleta insatisfeito.

É o mundo do futebol dinâmico, que coloca a culpa em quem tenta resolver os problemas e não em quem os causa. Uma pena!

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