É de coração

Sempre foi muito difícil falar sobre a paixão de ser torcedor sendo um jornalista. A profissão vive com a missão de, em tese, valorizar o raciocínio em detrimento do sangue apaixonado. Em tese. Hoje, esse texto é uma conversa de torcedor pra torcedor. É pra você, Palmeirense. É pra nós, Palmeiras.

Dia desses, um grande amigo mandou, como se fora um café de bom dia em uma manhã chuvosa e nublada de dúvidas, algumas palavras que me levaram tranquilamente em desespero de lágrimas. Um momento puro do que é a nossa paixão:

“A bola de Mina no fundo do gol, nos últimos segundos, ainda não sai da mente verde. O coração verde quase explodiu. As veias de sangue verde ferveram. A esperança, que sempre é verde, nos encheu de coragem e colocou algumas certezas nos torcedores de alma verde: nosso time não vai desistir.”

Não, não vamos. Todos nós. Neste sábado, a missão é inglória, é pela glória do que consagrou o que é Palmeiras. Os momentos desfavoráveis, as previsões frustradas dos futurólogos da bola, as capas de jornais, o pôster em que o rival era campeão mesmo antes de enfrentar a cegueira vitoriosa do Palmeiras.

Ser subestimado pela lógica é um momento racional de quem analisa, não devemos confrontá-la. Devemos expurgá-la pela garganta dos milhões que se negam a ver a derrota, que, quase que como Capitu, dissimulam a razão para viver a deliciosa paixão, ainda que saibamos as consequências de viver nessa roleta verde.

Viver dessa forma, “é lembrar da pior dor que se pode guardar no coração. Mas também é como saber que a gente se levanta, vive e corre atrás da superação. Superação que é verde. Verde que cai e levanta. Verde que cai, chora e sobe mais forte. Verde que passou dias de luto e ressurgiu mais gigante do que nunca. Verde de Palmeiras. Verde de Palestra. Verde, a cor da razão de viver.”

Eu sei que cada um de vocês ignorou todas as previsões e comprou seu ingresso, desmontando a tal consciência dos outros, mas que orgulhosamente ostenta em forma de ação tudo o que o coração presencia diariamente, a cada jogo, a cada queda de divisão, a cada gol que Dudu anotou diante do poderoso Santos no jogo que nunca terminou. Jogo que nunca acreditariam. Jogo que estávamos todos lá. Jogo que estaremos, novamente, todos lá, aconteça o que acontecer.

Duvidar faz parte da nossa história, perder faz enorme parte da nossa linda história, mas desistir não é honesto com nosso coração. É negar o caráter que as cadeiras de Palestra formou. Se a missão não for concluída, teremos o orgulho de ter diminuído o caminho, ter colocado pedras pela estrada, ter deixado exposto o que a razão insisti em tentar esconder. Teremos sido o que nos fez o maior campeão desse país.

“Que nosso grito continue sendo aos 50 minutos do segundo tempo (e até 54) se preciso. Porque não vamos desistir e nem nos dar por vencidos. Palestra que é Palestra não para de acreditar. Palestra que é Palestra acredita em qualquer circunstâncias. Impossível é não ser Palmeiras a cada hora, minuto e segundo. Impossível é não ser Palmeiras o tempo todo.”

Avanti.

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