Maurizio Sarri chegou ao Chelsea com a expectativa bem alta. Vindo de um ótimo trabalho no Napoli, o italiano tem a missão de de propor aos Blues a mudança total, o inverso do jogo praticado pelo compatriota Antonio Conte, demitido após fracassos na última temporada – de relações interpessoais e dentro de campo.

Pra que essa mudança pudesse acontecer, Sarri exigiu aos poderosos donos dos azuis de Londres a contratação de Jorginho, peça fundamental no clube italiano. Cinquenta milhões de libras e o ítalo-brasileiro foi contratado pelo Chelsea.

Com ele, a expectativa de um jogo menos físico, mais leve, controlando a posse de bola e com muita movimentação dos jogadores de frente, cresceu ainda mais. Expectativa que se cumpriu logo na primeira partida, contra o Huddersfield fora de casa – e com gol de pênalti de Jorginho.

Mas contra o Arsenal, na primeira prova de fogo, já vimos as dificuldades. Jorginho iniciou a partida como o cabeça de área. Sarri optou por Kanté mais à frente pelo lado direito, quase como um segundo volante, com a missão de pressionar as laterais dos Gunners e pressionar a forte linha de passe pelo lado de Monreal e Iwobi, além da aproximação de Ozil e Xhaka. Funcionou nos primeiros minutos.

Jorginho é um craque com a boa nos pés. Cabeça erguida, classe e intensidade na saída de bola, sempre se apresentando para receber a bola, orientando os companheiros ou desafogando a pressão quando o Arsenal subia suas linhas. Toques rápidos, controle do meio de campo, fundamentais pro estilo Sarri de jogar. Não à toa comparado a um “quarterback” de futebol americano pelo treinador. Foi decisivo no bolão para Marcos Alonso cruzar e Pedro fazer 1 a 0. E continuou até o gol de Morata, quando o Chelsea dava mostras de que golearia. Mas aí veio a parte da dor…

A kryptonita de Jorginho na função de primeiro volante é a marcação. Sem tanta força física nem velocidade, fez o torcedor azul sentir a falta do cão de guarda Kanté logo à frente dos zagueiros. Estava atrasado no cruzamento de Bellerín para Aubameyang perder uma chance clara. Não observou Mkhitaryan na entrada da área, olhou apenas para a bola e viu o armênio acertar um belo chute para diminuir o placar. Não acompanhou o mesmo Mkhi, que cruzou livre pra Iwobi empatar. O Arsenal poderia ter feito mais e ainda virado o placar no primeiro tempo.

No segundo, com Torreira no lugar de Xhaka e o empate nas mãos, o Arsenal abaixou a guarda e o jogo ficou menos corrido, mais cadenciado. A entrada de Kovacic ainda deu mais segurança defensiva ao Chelsea, antes de Eden Hazard mostrar porque é craque e dar o gol da vitória ao ótimo Marcos Alonso.

Ainda que os 100% de aproveitamento na tabela continuem e o Chelsea mostre um futebol muito mais desenvolto, bonito e até competitivo do que o da temporada passada, há muito trabalho a ser feito, especialmente no coração da equipe de Maurizio Sarri. Talvez inverter Jorginho de função sem a bola e deixar Kanté com mais responsabilidades defensivas… e ao mesmo tempo perdendo a qualidade nessa saída de bola tão importante. Talvez recuar o francês para jogar mais próximo aos zagueiros… e perder a marcação pressão no campo do adversário e pelas laterais. Não será fácil.

Provavelmente, o técnico italiano irá optar por manter a equipe jogando dessa maneira, mesmo ciente dos riscos. É o amor e a dor de ter Jorginho no time…

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