Quem nunca compartilhou no Facebook alguma brincadeira dando uma “zuada” nos amigos mais próximos? Ou “xingou muito no twitter” quando alguma coisa lhe desagradou? Pois é, mas essas coisas que parecem comuns, estão fazendo cada vez mais vítimas no futebol e na vida social. Postagens sem pensar e opiniões que eram apenas para desestresse, desabafo ou brincadeira de momento, duram uma eternidade.

A última vítima foi o atacante Getterson, ex-J. Malucelli, do Paraná. Resumidamente, o jogador de 25 anos foi anunciado como novo reforço do São Paulo e torcedores do tricolor paulista foram atrás de informações sobre ele nas redes sociais. Acharam uma conta de 2013, com um tweet chamando o clube de “bambi”. A torcida se revoltou pela internet e o São Paulo se viu forçado a cancelar a contratação do jogador. Tudo isso em menos de seis horas.  (Confira a história completa AQUI) Ou seja: um momento, uma brincadeira e um Twitter desativado há três anos, foram capazes de tornar aquilo que seria a maior oportunidade da carreira de Getterson num inferno.

Getterson foi apresentado junto com Cueva no Sâo Paulo. Não durou nem seis horas no Tricolor Paulista

Getterson foi apresentado junto com Cueva no Sâo Paulo. Não durou nem seis horas no Tricolor Paulista

Mas esta não foi a primeira situação embaraçosa envolvendo mensagens antigas em redes sociais e futebol. Recentemente, a jornalista Ana Thaís Matos, da Rádio Globo e do SporTV, foi alvo de uma enxurrada de mensagens ofensivas, após um tweet resgatado do início de 2012. No mini-texto, Ana, que é setorista do Palmeiras, fazia brincadeiras típicas de torcedor rival com a equipe alviverde. Na época, ela ainda era estudante de jornalismo e nunca tinha trabalhado com esportes. (AQUI, matéria completa).

O que esses casos mostram são duas coisas bem distintas e interessantes na nossa sociedade. A primeira é que ainda não sabemos lidar com as redes sociais, especialmente quando jovens. Postamos o que nos vem à cabeça, colocamos coisas muito pessoais e nos expomos sem pensar no amanhã. Tomamos menos cuidado do que deveríamos com as mídias digitais e só agora começamos a perceber os efeitos potencialmente trágicos disso.

A segunda é que nossa sociedade é muito hipócrita. Quem, quando apenas torcedor, nunca brincou com algum rival? Nunca acabou se expondo mais do que deveria quando ficou magoado com algo? Falta alteridade ao torcedor brasileiro, movido à paixão e quase nenhuma razão. É óbvio que todas as pessoas que gostam de futebol já torceram para algum clube um dia e, muitas vezes, o clube pela qual torciam, não será o clube no qual jogarão ou trabalharão. Neymar mesmo, palmeirense quando criança, foi ídolo no Santos. Para pegar um caso mais antigo, Roberto Rivellino, um dos maiores ídolos da história do Corinthians, se disse palmeirense de infância. Isso diminuiu em algo o profissionalismo e a história que esses caras escreveram em seus respectivos clubes? Claro que não! É – mais – uma perseguição burra de pessoas em mídias digitais.

E daí que Ana Thaís Matos foi um dia torcedora de outra equipe? E daí que Getterson, quando mais jovem, queria jogar no Corinthians? As pessoas mudam de opinião, de profissão, de nível social. Pegar falas antigas, descontextualizá-las e jogá-las na Internet como se fossem de hoje é algo muito baixo e estúpido. Esses “trolls” de internet precisam ter um fim, para o bem do futebol e para o bem da sociedade. Pra ontem.

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