No último jogo da seleção argentina nas eliminatórias, o craque Lionel Messi desferiu todo tipo de insultos no árbitro assistente brasileiro Emerson de Carvalho. A FIFA, imediatamente, puniu o jogador do Barcelona com quatro jogos de suspensão, além de uma multa econômica. O que era algo correto e esperado, acabou virando mais um vexame da máxima instituição do futebol mundial.

Na última 5ª feira, a FIFA voltou atrás e cancelou todas as medidas disciplinares tomadas contra o meia atacante argentino. Com uma absurda argumentação de “repudiar o ocorrido, mas não ter argumentos suficientes para comprovar a acusação”, os cartolas do futebol absolveram o jogador, que claramente ofendeu o árbitro após o jogo.  Caso o caro leitor não tenha percebido a incoerência, como é possível dizer que repudia o ocorrido se não consegue ver o fato com clareza? A argumentação ainda conclui que “o árbitro entendeu perfeitamente os insultos, mas optou por não fazer a denúncia”, o que impossibilitaria a sanção “de ofício”, ou seja, a partir de imagens de vídeo tempo depois do ocorrido.  Ou seja, houve um insulto, isso fica claro para todo mundo, inclusive para o árbitro, mas não há provas suficientes para punir o jogador.

O show de horrores fica ainda maior quando comparamos esse caso com outros em que a FIFA sim puniu “de ofício”, como a famosa mordida de Luis Suárez na Copa do Mundo de 2014, em que o árbitro sequer considerou falta e o tribunal disciplinar baniu o jogador do torneio e o suspendeu irrevogavelmente por 9 jogos oficiais. Tem ainda o caso da Bolívia, que perdeu os quatro pontos conquistados contra Chile e Peru por conta da escalação irregular do zagueiro Nelson Cabrera. A FIFA chegou a devolver os pontos à seleção boliviana, mas diante das pressões chilenas e peruanas os pontos foram novamente retirados e adjudicados aos seus adversários.

Trata-se mais uma vez de uma decisão política, em que o presidente da FIFA, Giovanni Infantino retribuiu um favor feito pela AFA de afastar do cargo de diretor de seleções o jornalista Marcelo Tinelli, desafeto de Diego Maradona, aliado político do italiano. Vale lembrar que a punição foi dada durante o mandato de Tinelli à frente das seleções, o que desagradara profundamente El Diez e a FIFA, que não apoiava a diretoria da qual o apresentador de TV fazia parte. Pouco tempo depois da queda do jornalista, a suspensão foi revogada. Além disso, fica nítido que a FIFA luta fortemente para evitar e eliminação da Argentina, atualmente fora da zona de classificação para a Copa do Mundo da Rússia 2018, devolvendo-lhe seu principal jogador para as rodadas decisivas. A Argentina, com um drama digno de tango, recupera seu craque e suas chances de ir para a Copa.

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