Há pelo menos dois anos, o torcedor alviverde se habitou em liderar. Tomar a dianteira dos temas, ser o primeiro. Um hábito que implicou em duas conquistas nacionais que tiraram um peso enorme do sofrido costado Palmeirense da última década acumulada de fracasso, mas, em contraponto, deixaram aos que agora se incumbem de tocar adiante o projeto, o peso ainda maior de ser favorito.

Sob as mãos de Eduardo Baptista, o homem do emprego mais dificilmente fácil do futebol mundial, o campeão brasileiro fez uma primeira fase de Paulistão bastante seguro, apesar de ter claudicado em alguns jogos com desempenho questionável e resultados pouco satisfatórios para a exigente massa.

Findada a fase de classificação, essa que tanto se joga e pouquíssimo se vale, o Palmeiras chega às finais, pela primeira vez desde que esse novo formato se inaugurou, com a melhor campanha. Mérito este que cede ao time de Palestra a possibilidade de, vencendo seus duelos, sempre decidir os chaveamentos dentro de sua casa.

Aluguel

Ainda mais importante essa informação se torna ao saber que, em seus domínios, o Palmeiras já não é derrotado há quase um ano, um sucesso futebolístico, de público e de renda. Seria sucesso de Paulistão. Seria. Devido à agenda all star de shows, o Allianz Parque desfalcará o Palmeiras nas quartas e em uma possível final. O Porcoembu, estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, será mais uma vez a casa alviverde. Uma casa de vó, aquela que você adora, está acostumado, mas na hora de deitar, a sua cama faz falta.

Perrengues

Eduardo tem em suas mãos, o elenco que pediu a Deus. Ou quase isso. Cheio de boas opções, comprovadamente competente, caro e estrelado. Tecnicamente, não se contesta tanto a qualidade disponível, mas se teme o sucesso que esse time terá. Que ele terá. Doze jogos depois, vê-se que Baptista tem algum domínio sobre seus homens, faz o dever de casa, gira bem suas peças, mas cometeu erros que ferem gravemente ao código de comando Parmerista.

Os erros

O Palmeirense é um torcedor insuportável. Eu falo porque sou. Ele ama incondicionalmente, é verdadeiramente alucinado pelo clube e por isso, tem suas exigências básicas. Uma postura de domínio é fundamental e a versão 17 alviverde começou mal. Diante do Ituano, na segunda rodada, ousou jogar com dois volantes fixos. Um crime. Perdeu o jogo e o sossego. Foi pressionado aos montes. Se segurou. Mas a celeuma estava reservada para Itaquera, o pior momento do ano.

Não sejais medroso

Se um treinador, jogador, dirigente ou qualquer coisa que os valha quiser ter sucesso nas alamedas da Caraibas, ele tem que saber: não perca por medo. Clássico diante do maior rival, na casa dele, local de retrospecto super favorável, quase cinematográfico, com um jogador a mais, o nobre treineiro ficou incólume, vendo seus homens passivamente tocarem bola, esperando um momento de vencer. Foi atropelado pelo desejo alvinegro que, ousado, colocou a casa de Baptista a baixo. Crise instalada no campeão brasileiro. Já diria um amigo: “Clássicos põe em crise. Clássicos tiram da crise”. Sorte de EB.

Sonho de uma tarde de verão

O adversário era o São Paulo, time do qual o Palmeiras nunca havia perdido jogando dentro do novo Allianz Parque. Tricolor vivendo ótimo momento, alviverde vindo de empate pela Libertadores. Foi, de fato, libertador para o treinador e seus comandados. Torcida, time, jogadores, comissão. Todos numa sintonia muito fina, em ritmo acelerado, sem perder divididas e, acima de tudo, jogando com um homem de marcação e cinco para incomodar a defesa de Ceni. Deu certo. Ousadia premiada. Goleada. Celebração. Enfim, o Palmeiras parecia estrear no ano.

Caminhos das pedras

Libertadores em casa, jogo vencido com gol aos 50′, jogos tranquilos, elenco sendo rodado, todo mundo tendo oportunidades enquanto os principais nomes defendiam suas seleções. Nesse meio tempo, outra grande conquista apareceu: vencer o poderoso Santos, na Vila, quebrando um jejum de meia década. Vitória muito celebrada, que deu muita moral ao elenco. Deu paz. As rodadas finais, já com a classificação debaixo dos braços, o time teve maus resultados que em nada influenciaram no andor da carruagem verde.

Definições pra definir

O bom Novo Horizontino é o adversário deste domingo, pelo primeiro jogo das quartas de finais. Pra começar, o duelo é no interior e a dúvida que fica é por qual time Eduardo levará a campo. Quem serão os escolhidos após dois meses de idas e vindas, sucessos e problemas. Obrigação de vencer, como dissemos, é natural, é inerente ao novo momento que vem vivendo o Palmeiras. O sempre favorito.

A aposto deste articulista fica com: Fernando Prass, Fabiano, Mina, Edu e Egídio. Felipe Melo, Tchê Tchê, Dudu, Keno e Michel Bastos. Borja. Vitor Hugo, Zé Roberto, suspensos, Guerra e Moisés, machucados, são os desfalques. Ainda restam muitas opções para que esse time varie, como por exemplo Roger Guedes e William Bigode, o artilheiro da temporada. Possibilidades táticas e técnicas para melhorar algum rendimento não tão positivo.

Aposta

Palmeiras deve vencer o emparelhamento sem maiores problemas, ainda que o jogo de hoje, no interior, seja bem complicado pelos fatores locais, mas o fato de haver volta, minimiza a chance de surpresas. Além disso, o Palmeiras joga para manter a melhor campanha e seguir decidindo em casa, provavelmente, pegando o São Paulo em uma possível semi final. A ver como Eduardo e o campeão brasileiro vão conseguir nesse desafio encardido de se manter no ápice.

Comentários

comentário