Por André Bastos

A Europa tem dono, e ele não mudou. Por justiça. Na noite entre o ataque mais eficiente contra a defesa mais intransponível da Europa, melhor para quem teve poder de fogo na hora da decisão. Com um time programado para estufar as redes adversárias, o Real Madrid aniquilou adversários durante toda a fase de mata-mata da UEFA Champions League para, na final, confirmar sua hegemonia no Velho Continente e conquistar pela 12ª vez o título da competição.

A expectativa na noite do sábado (3) em Cardiff era de um duelo de extremos por conta das características das duas equipes durante a competição. De um lado, o Real Madrid: 32 gols marcados em 12 jogos até a final contra a Juventus de apenas três gols sofridos no mesmo período. Mais do que isso, um espetáculo à parte seria o duelo em particular entre Buffon, um dos melhores goleiros da história do futebol, contra um dos maiores atacantes da mesma história: Ronaldo.

Nos primeiros dez minutos de jogo, ações iniciadas pelo time italiano. Rodando a bola, a Juventus rondou por duas vezes a área merengue. Na primeira grande oportunidade do jogo, Pjanic ajeitou a bola no peito e da entrada da área finalizou no canto direito, obrigando Keylor Navas a fazer grande defesa.

No entanto, após segurar o ímpeto inicial italiano, o Real passou a equilibrar o jogo. Com 15 minutos, os espanhóis já tinham 61% de posse de bola, começaram a aparecer no ataque utilizando as alas e, por ali, nasceu o gol marcado por quem está acostumado a decidir e foi o personagem do jogo. Sumido no duelo até então, aos 19’ Ronaldo abriu bola para Carvajal na direita. O lateral entrou na área e devolveu no meio para o português chegar batendo de primeira na grande área. O desvio de Bonucci na trajetória do chute traiu Buffon e morreu no fundo da rede: 1 a 0 Real.

O gol marcado em um dos raros momentos de espaço cedido pela equipe de Maximiliano Allegri poderia tirar a calma dos italianos. Porém, a desvantagem no placar não desesperou a Vecchia Signora, e a recompensa pelo equilíbrio dentro de campo veio sete minutos depois do gol sofrido, e da maneira mais bonita possível. Alex Sandro jogou a bola no alto para Higuaín. Também por cima, o argentino encontrou Mandzukic. O croata dominou no peito e emendou um voleio, encobrindo Navas e igualando o placar: 1 a 1.

A partir daí, o comportamento em campo da Juventus voltou a ser o do início de jogo: pressionar os merengues. Porém, novamente pelas alas quase o Real retomou a liderança no placar. Marcelo cruzou e Ronaldo, livre de marcação, cabeceou mal, desperdiçando a última chance dos primeiros 45 minutos.

Na volta do intervalo, os espanhóis voltaram melhor para o jogo, mas esbarravam na barreira defensiva postada pelo time de Allegri. Então, uma nova arma merengue resolveu aparecer e mudou a partida. Aos 15’, Casemiro pegou o rebote do cruzamento e chutou de longe. Assim como no primeiro gol, a bola desviou no meio do caminho – desta vez em Khedira – e matou Buffon: 2 a 1.

Quando a torcida espanhola ainda comemorava o segundo gol, Ronaldo voltou à cena para escrever mais um capítulo na sua gigante história. Carvajal passou para Modric na linha de fundo. O croata se esticou, conseguiu o cruzamento e achou o português sozinho entando como uma flecha na pequena área, livre para finalizar de primeira e vencer um goleiro pela 600ª vez na carreira e se tornar artilheiro da UEFA Champions League com 12 gols.

Atrás no placar, Allegri resolveu mexer no time. Marchisio, Lemina e Cuadrado entraram em campo. Porém, a participação do colombiano durou apenas 18 minutos. Em dois lances, uma falta e uma suposta agressão em Sérgio Ramos e cartão vermelho para o meia, dificultando ainda mais a vida da hexacampeã italiana.

Com um jogador a mais na partida, o campo ficou ainda maior para o Real Madrid trabalhar em busca do título. E a confirmação veio nos acréscimos com mais um gol. Marcelo entrou na área pela linha de fundo e rolou para Asensio chutar e confirmar a festa espanhola em Cardiff, decretando a 12ª conquista espanhola de Champions League.


FICHA TÉCNICA
Juventus 1×4 Real Madrid

Local: Estádio Nacional – Cardiff, País de Gales
Data: 3 de junho de 2017
Árbitro: Felix Brych (ALE)
Assistentes: Mark Borsch (ALE), Stefan Lupp (ALE)
Cartões amarelos: Dybala, Cuadrado, Alex Sandro, Pjanic (Juventus); Carvajal, Asensio, Kroos, Sergio Ramos (Real Madrid)
Cartão vermelho: Cuadrado (Juventus)
Gols: Ronaldo aos 19’ e aos 64’, Mandzukic aos 27’, Casemiro aos 60’e Asensio aos 90+1’

Juventus: Buffon; Barzagli (Cuadrado 65’), Bonucci e Chiellini; Daniel Alves, Khedira, Pjanic (Marchisio 70’), Dybala (Lemina 78’) e Alex Sandro; Higuaín e Mandzukic; Técnico: Massimiliano Allegri

Real Madrid: Keylor Navas; Danilo, Sergio Ramos, Varane e Marcelo; Kroos (Morata 88’), Casemiro, Módric e Isco (Ansensio 81’); Cristiano Ronaldo e Benzema (Bale 76’); Técnico: Zinedine Zidane

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