A Islândia não se cansa de surpreender na Euro 2016. Após passar na segunda colocação no grupo de Portugal, agora os “homens de gelo” eliminaram a Inglaterra, com muita propriedade. Mesmo saindo perdendo logo aos dois minutos de partida, os islandeses mantiveram a calma, organização tática e finalizações certeiras para atingir a inédita vaga nas quartas-de-final. Isso tudo com a seleção que “não faria nada nesta Euro”, de acordo com Cristiano Ronaldo…Mas vamos ao jogo e as lambanças do treinador inglês.

Os ingleses vieram mudados mais uma vez. Após uma boa partida na última rodada da fase de grupos contra a Eslováquia, Roy Hodgson não quis repetir a escalação e fez mudanças. Para pior. Kane, Sterling, Rooney, Dele Alli, Rose e Walker voltaram ao time, com Lallana (por problemas físicos), Vardy, Henderson, Wilshere, Bertrand e Clyne ficaram como opção no banco de reservas. Enquanto isso, a Islândia repetiu sua escalação, já conhecida para quem acompanha a equipe na Euro e que já vinha surpreendendo o mundo do futebol.

Este Sr. é Roy Hodgson. Hodgson achou que seria uma boa ideia mudar a equipe após sua melhor partida na Eurocopa. Não seja como Roy.

Este Sr. é Roy Hodgson. Roy achou que seria uma boa ideia mudar a equipe após sua melhor partida na Eurocopa. Roy errou. Não seja como Roy.

Mal deu pra ver se as mudanças surtiriam efeito e Sterling foi derrubado por Halldórsson dentro da área. Pênalti que Rooney converteu e que parecia dar tranquilidade ao time da Terra da Rainha, frente a uma equipe mais fraca tecnicamente. Mas a aguerrida Islândia foi pra cima e apenas dois minutos depois, fez o gol de empate. Mais um lateral ensaiado de Gunnarsson, mais um desvio para a área e dessa vez, Ragnar Sigurdsson colocou para as redes.

Após o gol, a Inglaterra voltou a comandar as ações do jogo, mas esbarrava na falta de criatividade de seus meias e na fraca partida dos laterais do Tottenham. E no segundo ataque da Islândia, o merecido prêmio para a seleção mais organizada: Sigthórsson recebeu com muita liberdade para girar , tirar de Cahill e colocar no canto do goleiro Hart. Bola defensável para o jogador que foi muito bem na temporada pelo City, mas o pior goleiro desta Eurocopa. A partir dali, os ingleses se desestabilizaram e conseguiam criar menos ainda. A posse de bola era improdutiva e o time completamente estático, aceitando a forte marcação islandesa. Assim que o primeiro tempo terminou, era óbvia a necessidade de mudanças.

SIgthorsson comemora o gol da virada da Islândia. Foto: AP

SIgthorsson comemora o gol da virada da Islândia. Foto: AP

Elas vieram, mas de maneira completamente equivocada. Hodgson, que já havia errado na escalação, errou mais uma vez ao tirar Dier, seu melhor volante, para colocar Wilshere, que pouco jogou na temporada e não poderia ajudar tanto a equipe jogando pelo meio. Não ajudou. A Inglaterra contou com uma atuação mais uma vez pífia de seu capitão Wayne Rooney, com Kane errando tudo que tentava e jogadores sem raça em campo, contrastando com os adversários azuis. Gunnarsson, capitão e símbolo da vontade islandesa, chegou até a levar perigo na frente, em chute que Hart defendeu bem. Roy Hodgson ainda colocou Vardy, esse sim com vontade, e nada mudou. Esperou até os 40 do segundo tempo para botar o garoto Rashford em campo, que em cinco minutos fez mais que Harry Kane, Raheem Sterling e Dele Alli em toda a Eurocopa. Ele ganhou a última oportunidade para os britânicos. Um escanteio que Alli cabeceou para fora, decretando a vitória da Islândia, merecida e suada.

Pelo lado da Inglaterra, o fracasso, que já pode ser até um sobrenome desta seleção, estava estampado nos rostos dos jogadores. Um futebol MUITO abaixo do esperado e uma desorganização tática que doía aos olhos de quem assiste àqueles jogadores na Premier League. O fracasso foi tão retumbante que Roy Hodgson pediu demissão e a FA precisa avaliar melhor o próximo treinador. Antes da seleção inglesa, Roy colecionava trabalhos ruins e desde o início seu apontamento como técnico foi criticado por especialistas na Inglaterra. A seleção continua promissora, mas precisa de um técnico vitorioso.

Já na Islândia, é lindo ver a organização que Lars Lagerbäck impõe dentro das quatro linhas e a obediência dos “sons” em campo, além da festa viking nas arquibancadas, proporcionada por 8% da população de um país com apenas 330 mil habitantes. Um em cada dois mil jovens adultos islandeses joga na seleção. Na Inglaterra, por exemplo, este número sobe para um a cada 480 mil, só por efeito de comparação. Um feito surreal para a Islândia, país que ainda nem tem a cultura do futebol como fortíssima e um prêmio para jogadores que se conhecem desde adolescentes e que jogam juntos como quem joga com os melhores amigos do bairro.

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A comemoração após o apito final. Islândia consegue o que parecia impossível. Foto: Globo Esporte

Agora, os “homens de gelo” encaram a França, em Saint-Denis. Enfrentando os anfitriões e cansados após mais uma vitória suada e sofrida, é improvável a Islândia conseguir uma vaga entre as quatro melhores seleções do continente europeu. Mas quem ainda ousa duvidar dos vikings nesta Eurocopa?

 

 

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