O futebol do Rio de Janeiro vive uma de suas piores crises dos últimos anos dentro de campo. Vasco, Botafogo e Fluminense começaram o ano em crise financeira e montando equipes modestas, que não empolgam o torcedor, e não devem brigar pelos principais títulos. Apenas o Flamengo manteve um time forte e deve ser protagonista na temporada.

A crise que começou nos clubes grandes em dificuldades se alastrou por todo o futebol carioca e transformou o outrora estadual mais charmoso do Brasil em um dos piores, se não o pior campeonato estadual em disputa do ano de 2018.

A começar pelo confuso regulamento. As tradicionais Taças Guanabara e Rio agora garantem ao campeão vagas diretas às semifinais do torneio e não mais à decisão, como no passado, o que deixa o torcedor sem entender bem as regras e coloca os rivais frente a frente várias vezes em clássicos que, além de fracos tecnicamente pela fase atual dos times, não mudam nada para o andamento da competição independentemente do resultado da partida. Ou seja, as equipes jogam uma semifinal de turno e, mesmo perdendo, já tem a garantia de entrar em campo novamente e ainda estarem vivos na disputa pelo título.

Além do aspecto esportivo, o Campeonato Carioca é uma grande decepção quando se fala no público presente aos estádios. O torneio que até poucos anos atrás se caracterizou pelo Maracanã lotado aos domingos leva em 2018 uma média de 2.449 torcedores por jogo, o que faz do Rio de Janeiro o décimo primeiro estadual em média de público, atrás, por exemplo, do goiano e do paraibano, que não possuem times na Série A do Brasileirão. Com uma fórmula de disputa confusa, jogos fracos tecnicamente e um estado marcado pela violência não é de se assustar que o público esteja fugindo do estádio e preferindo acompanhar seu time do coração em casa ou no bar com os amigos pela televisão.

O futebol do Rio de Janeiro precisa urgentemente de mudanças já para 2019. O contrato com a televisão (leia-se Rede Globo) é um empecilho e impede que a antiga fórmula de disputa seja retomada (mesmo campeão das Taças Rio e Guanabara já era campeão carioca). A redução do número de datas parece algo inviável no momento em virtude da estruturação de CBF e Federações Estaduais que comanda o futebol brasileiro. Mas é necessário pensar em alguma saída para que os jogos “que não valem nada” sejam diminuídos e uma fórmula de disputa simples e de fácil compreensão para atrair o torcedor de volta à arquibancada. Se continuar do jeito que está o Campeonato que viu Garrincha brilhar nos anos 60, Romário acabar com os adversários na década de 90 e Petkovic fazer o inesquecível gol de falta contra o Vasco em 2001 pode caminhar seriamente para um abismo sem fim.

 

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