Nesta quinta-feira, a seleção francesa foi derrotada pela Suécia por 2 a 1, na Escandinávia, e viu os rivais nórdicos os ultrapassarem na tabela de classificação das Eliminatórias Europeias para a Copa de 2018, deixando os Bleus na zona de repescagem. Além do resultado negativo, algo que pode até ocorrer contra uma Suécia renovada e com bons nomes, (destaques para o meia Forsberg, de grande temporada no RB Leipzig e Lindelöf, zagueiro recém-contratado pelo Manchester United) o desempenho da Seleção é preocupante, até por vermos os jogadores que estavam em campo.

Fazia muito tempo desde que a França não tinha uma Seleção tão forte e promissora. Com destaques em todas as posições do campo, os Bleus deveriam caminhar tranquilos nas Eliminatórias e chegar à Copa do Mundo com sobras. Para termos uma ideia, a França entrou em campo com: Lloris; Sidibé, Koscielny, Varane, Mendy; Pogba, Matuidi, Sissoko, Payet; Griezmann e Giroud. No banco, nomes como Umtiti, Kimpembe, Kanté, Lemar, Rabiot, Ousmane Dembelé, Mbappé e Lacazette. Todos ótimos jogadores, muitos promissores e com valor de mercado altíssimo. Isso sem contar Gignac, N’zonzi, Sanson, Bakayoko, Martial,Valbuena e Benzema, que nem foram convocados (os dois últimos ainda por conta daquele caso de chantagem ). Então como pode esse time estelar ser tão comum dentro de campo? O culpado tem nome, cabelo grisalho e dentes horríveis: Didier Deschamps.

O sorriso sincero de quem não faz a menor ideia do que ainda está fazendo na Seleção

O ex-jogador chegou ao comando da Seleção Francesa em 2012, para substituir o fraco Laurent Blanc. No currículo, boas passagens por Monaco (campeão da Copa da Liga Francesa e levando o time do principado a uma final de Champions League), Juventus (campeão da Serie B italiana) e Olympique de Marselha (campeão do Francês e tricampeão da Copa da Liga, restabelecendo o time como uma das forças do futebol local). Mas Deschamps nunca conseguiu ter na Seleção Francesa o mesmo sucesso que teve nos clubes.

Nas Eliminatórias para a Copa de 2014, os franceses quase ficaram de fora do Mundial. Ficaram para a repescagem no grupo da Espanha e, depois de perder por 2 a 0 para a Ucrânia no jogo de ida, fizeram um épico 3  a 0 no Stade de France para irem à quinta Copa do Mundo em sequência. No Brasil, dois bons primeiros jogos, contra Honduras e Suíça e uma dolorida eliminação para a Alemanha, com grande atuação do goleiro Neuer.

Ali, a França se credenciava como favorita na Euro que viria em 2016, ainda mais por jogar em casa. Ainda assim, não convencia nos amistosos que fazia, assim como não convenceu nos primeiros jogos da competição no ano passado. Deslanchou a partir das oitavas, quando eliminou Irlanda, Islândia e a antiga algoz Alemanha, para enfrentar Portugal na final. A decepção na última partida, coma derrota por 1 a 0 na prorrogação, manteve o trabalho do ex-jogador com um ponto de interrogação.

Desde então, a França não evoluiu, mesmo ganhando diversos “reforços” que insistem em surgir nos gramados europeus (Mendy, Sidibé, Mbappé, Dembele, Tolisso, Lemar e Thauvin, apenas para citar alguns). Deschamps os convoca, mas não consegue fazê-los jogar bem. Também há o atrito não resolvido com Benzema, que exige convocações e explicações do treinador, após a resolução do caso com Valbuena. Soma-se a esses fatores, a grosseria do técnico com os jornalistas, o fazendo parecer um “Dunga francês”. Fora que Deschamps deixa o melhor volante do mundo no banco de reservas – Kanté -, de maneira inexplicável.

O caso lembra muito a Seleção Belga, outra que ficou conhecida por ter uma “ótima geração” e não ter resultados dentro de campo. Wilmots foi demitido após a Euro, criticado publicamente por alguns jogadores, especialmente Jordan Lukaku (que disse que o treinador achava que futebol era como “Super Campeões”) e a seleção melhorou sob a batuta de Roberto Martinez.

Provavelmente este será o caminho escolhido pela Federação Francesa de Futebol, caso as más atuações continuem a se acumular.  A “ótima geração francesa” ainda terá mais alguns ciclos de mundiais para recuperar o prestígio. Para Deschamps, essa é a última oportunidade.

 

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