E o que parecia óbvio aconteceu. Após um começo de ano irregular e campanha apenas mediana no Campeonato Paulista, o São Paulo demitiu nesta sexta feira o técnico Dorival Junior após um clássico no qual foi amplamente dominado e derrotado pelo rival Palmeiras por 2 a 0. Dorival deixa o comando depois de 40 jogos, com 17 vitórias, 11 empates e 12 derrotas. É a sexta demissão de treinador no Tricolor Paulista em dois anos e 11 meses.

A saída do atual técnico pode ser justa perante o futebol apresentado e os pífios resultados alcançados neste início de temporada 2018, mas Dorival Júnior é só mais uma vítima de um clube que em dez anos foi de modelo de gestão a ultrapassado por seus principais rivais da capital.

Até o tricampeonato brasileiro (2006, 2007 e 2008) o São Paulo era o clube modelo no futebol paulista e brasileiro. Tinha a melhor estrutura de Centro de Treinamento, o famoso recém inagurado Centro de Excelência para a base em Cotia, não trocava de técnico com frequencia e ganhava os principais campeonatos. O próprio Tricolor se autointitulava “O Soberano”.

O cenário favorável começou a mudar a partir do início da década de 2010, quando uma mudança no estatuto do clube possibilitou o terceiro mandato de Juvenal Juvêncio. A partir daí o Tricolor teve trocas constantes de presidentes e diretores de futebol, com direito a escândalo protagonizado em 2015 pelo ex-mandantário Carlos Miguel Aidar. Além disso, passou a gastar mais e ter que vender uma quantidade de jogadores considerável todo ano para fazer caixa. Mudanças de elenco se tornaram constantes, com a base titular mudando de um ano para o outro, o que acarretou em falta de resultados e as trocas constantes de técnico. Desde 2014 o São Paulo não passa um ano inteiro com o mesmo treinador.

Em 2018 o cenário dos últimos anos não foi diferente. Raí e Ricardo Rocha chegaram para comandar a direção de futebol e, no campo, o clube perdeu as referências técnicas Hernanes e Pratto, repostas com Nenê e Diego Souza. Dorival Junior teve dificuldades para encaixá-los na equipe e vinha tentando encontrar outra maneira de fazer o time jogar até receber a notícia da demissão.

Em um clube que em dez anos não ganha um título há seis e viu seus dois principais rivais Corinthians e Palmeiras conquistarem os principais títulos nacionais após serem rebaixados e deixá-lo para trás na questão de estrutura, Dorival Junior foi só mais uma vítima de um clube que se perdeu em sua própria arrogância. Enquanto os dirigentes tricolores não pararem e perceberem que algo está errado o São Paulo vai continuar repetindo o círculo vicioso com qualquer treinador e estará longe, mas bem longe, do caminho das vitórias.

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