O álbum “Works” foi produzido por alguns anos, como uma carne marinando em tempero de ervas. Tinha tudo para ser brilhante, um marco. Em 1984, Freddy mostrou ao mundo que a banda Queen tinha um suculento entrecôte nas mãos. Uma metralhadora de hits. Dentre eles, Radio GaGa. A música que vai embalar os nossos pensamentos pelas próximas linhas, assim como os gênios do Rock fizeram por décadas. Assim como um entrecôte ao molho de jaboticaba sempre fará.

“I’d sit alone and watch your light, my only friend, through teenage nights and everything I had to know I heard it on my radio. You gave them all those old time stars through wars of worlds Invaded by Mars, you made em laugh, you made ’em cry, you made us feel like we could fly. Radio”

Esses dois primeiros parágrafos da música que fora indicada ao MTV Awards, ao Brit Award, ao Albúm britânico do ano e que foi aclamada pelo mundo, conta sobre a relação de irmão mais velho do pequeno veículo que dá nome a canção. Fala sobre como ele é confidente e fonte confiável, como faz companhia e entrega notícia, de como pode ser um mensageiro que traz o caos ou algumas ondas sonoras de alegria e paixão. De como o rádio pode ser sinestésico.

Como discordar, senhores? Aquela noite em que o amor deu com a cara na parede, que o trabalho não rendeu, que a inspiração fugiu e que o som do silêncio incomoda? Baixinho, sorrateiro e soletre, a radio preferida faz a trilha nas caixas do carro, no pequeno de pilhas que fica sobre a pia, nos canais de televisão que dão os olhos do que se ouve. Ele é onipresente mesmo que digam que há um processo de extinção. Ignorantes essas teses que ignoram o amor.

Que os amigos perdoem essa intenção de colocar em sinais mais comuns a nós a obra Queenlesca. É a parte do osso, é murro leve na boca do estômago, é a indigestão: “Vamos esperar que você não nos deixe, amigo. Bem como todas as coisas boas são, nós dependemos de você, então apareça porque sentiremos sua falta quando crescermos cansados de todo esse visual”. Ele já está apontando na esquina deixando o olhar 43, sim, não há como relegar, mas aquele que segue louco por você, por viver. O rádio sai pra mudar, nunca pra ser finito. Essa experiência que vemos debaixo dos olhos, nas telas dos streamings.

Dia mundial do rádio, o veículo que deu origem a este espaço que tornou-se um site, ainda como a vida coexistindo no querido espaço dos microfones. Dia do veículo que deu origem a esse projeto de jornalista que aqui tenta homenagear quem o inspira, quem o ensinou a ouvir futebol com Fiori, com Osmar, com Oscar, com José, com figuras épicas. Que ouve os sons como se fossem as palavras do avô querido que não mais está por perto. Que havia ensinado que eleições se ouvem no rádio, que praticava as noites de companhia sonora. Que me deu a herança espiritual e física, o motohome 64. (Que coxão duro é melhor que Mignon).

Como nas grandes despedidas, aquela nas quais sabemos ser um “nos vemos por aí”, o Queen, como um atirador de elite, dá 4 golpes certeiros. “Você teve seu tempo, Você teve o poder, Você ainda terá sua melhor hora, Rádio”. Hoje é seu dia, maior veículo do planeta, como foi ano passado e como serão nos próximos milênios. Como foi meu avô. Como é um entrecôte. Como são os maiores momentos do esporte que dão vida a essa página. Parabéns, rádio. Minha eterna gratidão a você! E por mais que tenha tido sua hora e o poder, o melhor ainda está a caminho.

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