A notícia da queda do técnico Rogério Ceni do comando do São Paulo FC pegou a todos de surpresa na tarde desta segunda-feira. Até o site do clube caiu, momentos depois da nota oficial da demissão ser publicada.

A palavra ‘ínfimo’, segundo o dicionário, é um adjetivo que qualifica algo que apresenta um valor muito reduzido e de pouca importância, seja a respeito do tamanho ou da significância.

Usei esse termo por ele ser exatamente o antônimo perfeito de ‘soberano’. Eu cresci acostumado a ver o São Paulo Futebol Clube honrar esse adjetivo que a torcida adotou durante um longo tempo. E soberano realmente não era algo falso naquela época, o discurso era soberbo, pois se bancava como tal.

Times imbatíveis, conquistas gigantes, modelo de gestão, estrutura e categorias de base de dar inveja em todos os clubes do Brasil. Porém, após anos de hegemonia e sucesso, o tricolor do Morumbi simplesmente parou no tempo. A estrutura e a base continuam iguais, mas o resultado esportivo foi deixado em segundo plano. Hoje, vender é mais importante que vencer.

Diretores e administradores mais preocupados com poder e ganância do que com conquistas. Um clube que vivia de títulos, hoje se orgulha de ser apenas uma grande vitrine de jovens promessas.

Rogério Ceni, maior ídolo da história do clube, decidiu assumir o comando da equipe em janeiro, tentando resgatar o São Paulo de sua época. Mesmo com um currículo de principiante, além de nenhuma experiência como treinador, Rogério tentou provar para si mesmo de que era capaz.

Imagem emblemática de Ceni no seu último jogo como técnico do São Paulo. (Foto: André Mourão)

Faltou humildade, faltou preparo, sobrou pressa por parte do ex-goleiro, que viu uma diretoria amadora moer mais um técnico do comando do time. Rogério tinha uma grande parcela de culpa pelo desempenho do time durante o ano, mas a maior responsabilidade do clube estar nessa situação é das pessoas que estão em seu comando.

16 técnicos passaram pelo São Paulo desde 2009. Será que a culpa por tantos fracassos e vexames sempre foram dos treinadores? Será que o sucessor de Ceni conseguirá fazer um trabalho melhor, sem um pingo de respaldo da diretoria, e com uma pressão 10 vezes maior da torcida?

O São Paulo precisa resgatar a sua identidade, precisa revolucionar a sua política, precisa respeitar o seu torcedor. É inadmissível um clube tão grande, com uma receita absurda, ficar mais uma temporada sem título, e o pior, sem alma.

2017 vai caminhando para ser mais um ano em que o São Paulo irá brigar somente para se manter na Série A do Brasileirão, e evitar um rebaixamento que seria uma tragédia sem fim para um clube que ostenta tanto o fato de nunca ter jogado a Série B.

Para desespero daqueles que amam o São Paulo Futebol Clube, aquele famoso trecho de seu hino, se torna cada dia mais emblemático. As glórias vêm do passado, pois o presente é muito mal administrado. Que o clube se reerga para que no futuro, as glórias voltem.

Rogério Ceni deixa o Tricolor com 50,5% de aproveitamento, ao todo foram 14 vitórias, 11 empates e 10 derrotas. Rogério entra para a extensa lista de técnicos que passaram no clube desde 2009 e não completaram sequer um ano no banco de reservas. Está claro que o problema é muito mais embaixo. Dorival Júnior é o nome mais cotado para assumir o cargo deixado por Ceni.

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