Considerado como um técnico ‘especial’, Ceni encontra-se condenado à profissão mais cruel do futebol.

Por: João Vitor Cordeiro

‘‘Ih… ’’ é uma interjeição que define o São Paulo nos últimos anos, vindo de péssimas gestões, jogadores mimados e torcida soberba. Porém, com o início de 2017, o torcedor tricolor depositou todas as suas esperanças e expectativas em seu ídolo máximo da história tricolor: Rogério Mucke Ceni, que mesmo sem nunca ter comandado um treino sequer, assumiu a dura e amarga profissão de técnico.

Em seis meses no cargo, o ex-goleiro artilheiro conquistou um título na pré-temporada, diante do rival, Corinthians, que até então estava em desconstrução.
O início foi animador! O tricolor era uma máquina de gols contra seus adversários, porém, a defesa não contribuía muito conforme o poder ofensivo. Então, vieram as eliminações seguidas em um curto período.

E o que era céu, virou inferno.
Inseguro? Inconsequente? Imaturo? Estas são algumas palavras que podemos enquadrar Rogerio Ceni em seu novo cargo no futebol: treinador? Depois de ter vindo de uma sofrida derrota (3-2) diante do líder alvinegro e rival, Corinthians, e um zero a zero magro com o Sport, em Recife, Ceni e a equipe tricolor tiveram mais um revés – inesperado, diante de um Atlético Mineiro com altos e baixos, na zona da degola – agora, em casa, por 1 a 2.

Não é novidade para ninguém e até os mais leigos sabem: a vida de um treinador no Brasil não é fácil. Entretanto, o M1T0 (debaixo das traves, nos gramados) tem deixado a desejar, além de mostrar algumas teimosias nítidas como insistir em alguns jogadores, ter um esquema tático diferente a cada jogo, fazer substituições equivocadas (como no último domingo, trocando Militão por Lucão, que acabou sendo o algoz para o próprio tricolor, cometendo erros cruciais em campo). Mas, sobre Lucão podemos falar em outra hora…

A verdade é que capitão da Libertadores de 2005 está sob forte e constante pressão no Morumbi. Ceni não é mais unanimidade entre todos, seja entre conselheiros ou até entre os são paulinos mais fanáticos e apaixonados.

Rogério vem mostrando – e gosta – muitas estatísticas sobre cada partida, após os jogos, falando sobre finalizações, posse de bola, esquema tático, entre outras coisas. Porém, os resultados nos últimos meses, desde a sua estreia, não se conectam com seus scouts mostrados nas entrevistas coletivas.

No comando do SPFC desde janeiro deste ano, Ceni acumula 34 jogos, 14 vitórias, 12 empates e 8 derrotas, incluindo três eliminações seguidas em competições de mata-mata (Corinthians pelo Campeonato Paulista, Cruzeiro pela Copa do Brasil, e a pior de todas na Copa Sul-americana, para o Defensia y Justicia (ARG), sendo um dos maiores vexames já sofridos pelo hexa campeão brasileiro, desde a sua fundação).

O fato é que qualquer outro ser humano na face da terra já estaria a sete palmos se estivesse com os resultados obtidos pelo treinador tricolor até então. Rogério está à prova, mesmo sendo um “Senhor Feudal” do Morumbi, nada está garantido. Não podemos deixar de falar sobre as baixas que o técnico vem sofrendo com o elenco durante o ano. Fator crucial para qualquer um que exercesse o cargo. Contudo, as coisas estão sendo mais difíceis do que o planejado.
Será Rogerio Ceni o maior culpado desses últimos fracassos cometidos pelo São Paulo? Serão os jogadores, que não entram mais em campo com garra e raça quando faltam técnica e habilidade? Ou, será da diretoria são paulina, que há tempos encontra-se em uma má gestão, faz transações milionárias e ainda se encontram numa dívida eterna – e estranha – fazendo com que Ceni não tenha peças para reposições? Eis a dúvida! O fato é que de “Soberano” o São Paulo Futebol Clube passou a ser um “Só berano” em todas as competições, acumulando fracasso atrás de fracasso e uma ilusão tremenda a todos os seus torcedores.
Será que o maior jogador da história do clube conseguirá manter-se firme diante a forte tempestade que ronda o Morumbi há anos? ​
O fato é que Ceni jamais desenvolverá em seis meses como treinador o que construiu em duas décadas como jogador.
Esperamos – e torcemos – para que o tempo (e RC, principalmente) mostre, e que os momentos áureos voltem ao Clube da Fé, porém somente fé, não basta mais.

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