Da minha infância, poucas memórias ainda rondam a minha mente. Das que ainda estão por aqui, é porque guardo com carinho. Desde novo, sempre fui aficionado por esportes. Cresci consumindo isso de uma maneira totalmente diferente do que me é ofertado hoje. E isso incomoda.

Das memórias, lembro como adorava aquilo que eu chamava de “fim de semana”. Sexta-feira tinha Série B, sábado também, mas seguido da A, que se estendia até o domingo. Adorava pegar o começo dos dias esportivos, que começava lá para às 13h e ia até o tardar da noite.

Como não tinha TV por assinatura, o rádio sempre me acompanhava. Amava ouvir os gols, independente dos times, nas vozes de Nilson Cezar, Rogério Assis e José Silvério. Era uma emoção tão grande que chegava a me arrepiar, dependendo da plasticidade do lance.

No domingo já era diferente. O tempo de duração da jornada esportiva era o mesmo, mas agora eu tinha a imagem para ver. E tudo isso graças à Bandeirantes. Band Esporte Clube, pré jogo, jogo e pós. Tinha matéria, links, chegada das torcidas, análise e tudo o que o jogo tinha direito. Dava gosto de ver. Pena que a paçoca desandou.

Outrora, a Band era a gigante no esporte. Graças ao finado Luciano do Valle, a emissora paulista foi a grandes responsável por dar espaço a mais diversas modalidades esportivas. Vôlei, boxe, basquete e, até mesmo, sinuca! Lembram do Rui Chapéu?

O tempo foi passando e a emissora foi perdendo força. Consequentemente, a audiência abaixava, enquanto a Globo, grande concorrente, galgava cada vez mais espaço no mundo do esporte, a ponto de ser dona de praticamente tudo, como é hoje em dia.

Com a derrocada, a Band tentou ir para um outro lado, tendo muito mais cara de entretenimento do que esporte em si. Se faltava transmissão, sobrava polêmica com comentaristas de qualidade duvidosa, como Paulo Morsa ou o ex-árbitro Oscar Roberto Godói, sem contar no interminável “craque” Neto.

A emissora que um dia foi referência, hoje foi reduzida a algo maior que um circo que exibe melhores momentos da partida. E para quem ama esporte, isso é uma grande tristeza. Hoje, o esporte da Band sobrevive a base de aparelhos, representado pelos desnecessários Jogo Aberto e Os Donos da Bola. Não só desnecessários, como prejudiciais, para eles e para um todo.

Peguemos o programa comandado pelo ídolo do Corinthians, que se tornou a “voz” do clube na emissora. Neto ficou marcado pelo seu jeito polêmico desde a época de jogador. Hoje, com o microfone da mão, o agora comunicador segue não tendo papas na língua e diz aquilo que bem entende, de maneira totalmente livre.

O grande problema é o cenário carnavalesco que ele cria, em tentativas de implementar o mal estar em algumas situações. Se lembrar do episódio do PÃO!!! no ano passado, quando o Corinthians começou a ser ameaçado, mesmo que de longe, pelo Palmeiras? Pois é, o cenário se repetiu.

Desde o domingo, a emissora paulista tenta implementar um clima de “já ganhou” pelo lado do time da Barra Funda, coisa que quem entende de futebol, sabe que não é verdade. Além de um banner no programa Terceiro Tempo, o estopim da babaquice aconteceu hoje, no programa vespertino.

O apresentador, tendencioso como sempre, tenta a todo custo criar um clima hostil, e trouxe isso para a tela da TV. Poster de campeão, com medalha e troféu, como fez no ano passado. Para alguns, uma simples brincadeira, para outros, uma afronta sem tamanho. Ao fazer isso, o apresentador, de forma vil, tenta empurrar um favoritismo inexistente, para que o seu time possa usar isso como combustível na partida derradeira, que acontece no próximo domingo.

Algo desonesto, desrespeitoso e perigoso. Fazendo isso, Neto coloca os profissionais da emissora como possível alvo em um cenário tenso e passional, como é um Derbi Paulista. Torcemos para que seja apenas uma hipótese, mas qualquer fagulha pode ser necessária para a explosão de um barril de pólvora. E Neto foi quem acendeu esse fósforo.

De “brincadeira” em “brincadeira”, o esporte da Band vai chegando ao seu fim. Dos tempos gloriosos de Luciano do Valle, só sobraram um vaga lembrança, deixando a saudade para quem gosta de um bom domingo esportivo.

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