Com dois anos de atraso, Tite estreou na Seleção Brasileira. E sua estreia não poderia ser melhor, com vitória por 3 a 0, fora de casa e frente ao então vice-líder Equador. Um atropelamento em Quito, solo no qual o Brasil não vencia há 33 anos (ok, só houveram quatro jogos nesse período). E o recado foi dado e ouvido em alto e bom som: o Brasil, aquele Brasil do bom futebol que conhecemos há algum tempo, está de volta.

Tite iniciou a partida com alguns titulares questionáveis. Alisson (ainda reserva na Roma), Gabriel Jesus (que não fez boa Olimpíada) e, especialmente, Paulinho, aparentemente não eram as melhores opções do momento. Mas se há um treinador que pode justificar em campo suas escolhes, esse treinador é Tite. Em 20 minutos, já pudemos ter uma ideia do que se passava na mente do novo comandante da Seleção, com um desenho tático muito mais produtivo do que o de seu antecessor.

O Brasil sofreu uma pressão inicial do Equador, especialmente pelas pontas. Enner Valencia, Miller Bolaños e Jefferson Montero tentavam ganhar dos laterais brasileiros, na maior parte das vezes sem sucesso. Quando conseguiam o drible, Marquinhos e Miranda neutralizavam a jogada. O jogo foi virar para o Brasil a partir dos 15 minutos, quando Casemiro, Paulinho e Renato Augusto tomaram conta do meio de campo em Quito. Roubadas de bola precisas, combinadas com rápidas saídas em contra-ataque fizeram o Brasil ter as melhores chances no primeiro tempo. Willian, Neymar, Renato Augusto e Gabriel Jesus não foram felizes nas respectivas tentativas de finalização e o primeiro tempo terminou em zero a zero, mas deixando a impressão de que o Escrete Canarinho estava montado perfeitamente e que o gol era apenas questão de tempo. Assim foi.

Primeiro tempo foi muito brigado, mas ainda assim o Brasil mostrou que tinha o domínio da partida. Paulinho foi um dos destaques. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Primeiro tempo foi muito brigado, mas ainda assim o Brasil mostrou que tinha o domínio da partida. Paulinho foi um dos destaques. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Na volta para o segundo tempo, o domínio ficou ainda maior e mais escancarado. O meio de campo equatoriano parecia inexistir, enquanto Paulinho e Renato Augusto saíam para o jogo deixando Neymar e Willian, nas laterais do campo, com condições de finalizar. Mas o jogador do Chelsea estava em uma tarde/noite infeliz e, ali, Tite mais uma vez foi bem. Sacou o camisa 19 e colocou Phillipe Coutinho em seu lugar. Mesmo deslocado de sua posição original de meia esquerda, Coutinho foi fator determinante na construção do resultado. O Brasil continuou perigoso, e ainda mais insinuante. Renato Augusto e Marcelo ainda perderam duas ótimas chances antes de Casemiro roubar a bola e lançar – mal – para Gabriel Jesus. O centroavante, ate então com muito mais raça que técnica em campo, ganhou do zagueiro Mina na velocidade, tirou o goleiro Dominguez da jogada e foi atropelado. Pênalti para o Brasil. Gol de Neymar e um a zero mais que merecido no placar.

A partir dali, o jogo ficou ainda mais fácil para a Seleção. O Equador sentiu o golpe e sua impotência na partida, e não conseguia reagir ao gol sofrido. Pior ainda quando Paredes deu uma entrada dura em Renato Augusto e foi merecidamente expulso, após receber o segundo cartão amarelo. Ainda assim, a valente seleção equatoriana quis ir pra cima e chegou a assustar com o chute de Bolaños, exigindo ótima defesa de Alisson. Mas só. O Brasil continuou a ter a posse de bola, dominar o meio de campo e chegar com facilidade ao ataque. Coutinho quase marcou em bela jogada aos 36, dando a prévia do que viria a seguir. Aos 40, Marcelo recebeu na esquerda e cruzou para Gabriel Jesus, de calcanhar, fazer seu primeiro gol pela Seleção brasileira principal. A vitória já estava garantida, mas o Brasil queria mais. Aos 46, Marcelo deu lindo lançamento para Neymar, que achou Gabriel Jesus no meio. Paulinho, em atuação irrepreensível, estava passando ao seu lado, mas o confiante jogador do Palmeiras preferiu o chute. O resultado foi um golaço para coroar uma bela atuação brasileira, sem sustos e diante de uma boa seleção.

Tá pouco feliz depois da atuação de hoje o menino Jesus? Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Tá pouco feliz depois da atuação de hoje o menino Jesus?
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Há quanto tempo não víamos o Brasil se impor assim fora de casa? Há quanto tempo não víamos tantas e tão boas atuações individuais em uma mesma partida da Seleção? Há quanto tempo não víamos Neymar com uma função tática dentro do Escrete Canarinho? Depois de hoje podemos dizer que o Brasil, o verdadeiro Brasil, está de volta. E vai ser difícil de nos segurar.

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