Foi feio. Não, na verdade foi horrível. A Seleção Brasileira de futebol masculino, ampla favorita e com uma equipe menos desfalcada que as rivais, apenas empatou com o Iraque. Além disso, a torcida presente no estádio Mané Garrincha, em Brasília, deu um show de como não se comportar em um ambiente olímpico.

Após um jogo fraco e um empate sem gols decepcionante na estreia contra a África do Sul, esperava-se da Seleção uma atuação melhor frente ao Iraque, tido como o time mais fraco do grupo. Mas não foi assim. O Brasil tentou se impor no início e teve boas chances no início, ambas com Gabriel Jesus. Após a nova contratação do Manchester City desperdiçá-las, o Brasil passou a encontrar dificuldades e quase sofreu um gol, após saída desastrosa de Weverton e cabeçada na trave de Abdul-Raheem. O meio de campo brasileiro parecia inexistir e a marcação ficava fácil para os iraquianos, com destaque para o capitão e volante Luaibi, que fez um primeiro tempo impecável. Felipe Anderson, Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus, no entanto, erravam praticamente tudo que tentavam e, afobados, prejudicavam o Brasil nas sucessivas tentativas de jogadas individuais, sempre falhas.

Na segunda etapa, Micale tirou Felipe Anderson e colocou Luan, deixando o Brasil com 4 bons atacantes. Mas sem criação no meio campo e com pouca movimentação, o jogo ficou ainda mais preso. O Iraque marcava bem e não precisou de muito para neutralizar o ataque brasileiro, que pouco chegava. O técnico brasileiro havia dito antes das Olimpíadas começarem que o principal desafio seria “fazer o Brasil jogar como equipe”, já que bons nomes não faltam. E ele vêm falhando miseravelmente nesta missão. Centralizando demais a partida e utilizando da tática “joga no Neymar pra ele resolver”, o Brasil continuou errante e com pouca criação do meio pra frente. Micale, então, tirou Gabriel Jesus para colocar o meia Rafinha e dar mais qualidade no passe. Mas o jogador do Barcelona demonstrou claramente estar sem ritmo de jogo e também não conseguiu ajudar muito. A melhor alteração, para surpresa de muitos, foi a entrada de William no lugar de Douglas Santos. O lateral do Inter, jogador com mais assistências na equipe gaúcha no Campeonato Brasileiro, mostrou muita personalidade e criou a melhor chance do Brasil no jogo, deixando Renato Augusto sem goleiro para marcar. O meia jogou por cima a chance de vitória e irritou os torcedores presentes.

Neymar se lamenta: Brasil joga muito abaixo do esperado nas Olimpíadas. Foto: Globo Esporte

Neymar se lamenta: Brasil joga muito abaixo do esperado nas Olimpíadas. Foto: Globo Esporte

Torcedores, aliás, que lembram o outro ponto negativo: que feio, brasileiros! Além de xingar o goleiro Hameed a cada tiro de meta, mostrando tremenda falta de desportividade e espírito olímpico, o público presente no Mané Garrincha se mostrou impaciente e em nada ajudou os jogadores do Brasil na difícil partida. Pelo contrário, atrapalhou: vaiou os jogadores durante a partida, deixando-os ainda mais nervosos e ansiosos, em uma demonstração clara de que se trata um público que pouco acompanha futebol e não entende o papel de uma torcida no estádio. Ok, os jogadores estavam mal na partida, mas carregam uma pressão absurda nas costas, e ela só aumenta quando eles ouvem vaias e xingamentos vindo de quem deveria apoiá-los. Jogar em casa deveria ser algo bom, não um peso, uma tortura.

Agora, a Seleção Brasileira precisa vencer a Dinamarca para passar para a próxima fase. Mas com o futebol apresentado, a falta de confiança evidente nos jogadores e uma torcida cada vez mais impaciente, o cenário trágico de ver o Brasil eliminado logo na primeira fase no futebol masculino é muito provável. E servirá como mais um vexame gigantesco em casa. Será que dessa vez algo vai mudar?

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