Por João Gabriel Falcade

Ícone do tênis feminino, mulher que revolucionou a prática do esporte pelas mulheres. Número 1 do ranking da WTA, campeã de todos os grand slams. Uma figura transcendental. Maria Sharapova tem todas as credenciais dos gênios do esporte, mas o último capitulo de sua história não corresponde ao passado. Flagrada em exame antidoping no último mês de janeiro, a russa recebeu a punição de 2 anos longe do esporte que a consagrou.

 

Sharapova admitiu, em março, o uso do medicamento meldonium, mas, ontem, anunciou que vai recorrer da sanção, que considera “extremamente injusta”, ante o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS). “Não posso aceitar uma suspensão extremamente dura de dois anos”, escreveu Sharapova no Facebook. Em 7 de março, ela admitiu ter tomado este medicamento após 1º de janeiro, afirmando ter cometido um erro ao não verificar a lista das novas substâncias proibidas. O meldonium é um medicado que protege as células cardíacas e que é vendido nos países do leste europeu. Um dos seus alegados efeitos é aumentar a resistência ao esforço físico.

 

Revoltada com o pedido da Federação Internacional de Tênis (4 anos de afastamento) a ex-número 1 do mundo defendeu-se: “Há 10 anos tomo este medicamento por prescrição do meu médico (…), esta droga não estava na lista dos produtos proibidos pela Agência Mundial Antidoping, mas as regras mudaram em 1º de janeiro passado e este medicamento passou a ser um produto proibido, o que eu não sabia”, disse ela, em março. “Sou totalmente responsável, eu cometi um erro enorme, recebi um e-mail da Agência Mundial Antidoping no final de dezembro e não verifiquei a lista para ver se este medicamento havia entrado”, acrescentou, afirmando que tomava meldonium desde 2006 para tratar uma “deficiência de magnésio, uma arritmia cardíaca e um caso de diabetes em (sua) família.”

 

Fato é que a suspensão foi sancionada e uma reversão se mostra praticamente impossível, nesse momento. As perguntas agora são sobre o futuro, sobre a sequencia da carreira de uma esportista com certa idade e com um longo tempo de afastamento. Projetar o futuro é a tarefa, afinal, o abalo é enorme. Sabe-se que a Nike, patrocinadora da atleta afirmou que seguirá ao lado dela devido ao fato de acreditarem não ter havido má fé na prática ilegal. “Ela sempre teve uma posição clara, pediu desculpas e recorreu da punição. Esperamos vê-la novamente nas quadras e vamos continuar trabalhando com ela” De outro lado, desde o anúncio do doping, Sharapova perdeu muitos de seus parceiros comerciais.

 

No âmbito esportivo, o que mais tem validade prática, a suspensão de quem já venceu 5 grand slams e é a atual número 3 do mundo é um fato que abala. Às vésperas de Wimbledon e após Roland Garros ser vencido por Garbine Muguruza, número 2 do mundo, tirando o reinado de Serena Willians, seria momento para Maria. A sua maior rival em má fase e o top 5 com jogadoras ainda inexperientes com taças. Por fim, em 2 anos, se cumprida a pena plena, difícil saber se ela voltará a jogar em alto nível e, quiçá, se ela retornará ao esporte de alto rendimento. Talvez essa suspensão coloque fim na carreira de elite de uma das maiores tenistas que o circuito já viu.

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